domingo, 14 de outubro de 2012

TUDO SOBRE DISLEXIA VISUAL

Histórico:
Final do século XIV: início do emprego do termo dislexia( dificuldade com palavras) para designar diversas formas de distúrbios de leitura decorrentes de lesões cerebrais( Thomson, 1991);
1871- Djerine (apud Thomson,1991): autópsia de adultos disléxico revelou lesões nas junções das áreas occípto- paríeto- temporal esquerda.
- com a instituição da  escolarização obrigatória e o fenômeno da reprovação em massa surgem os primeiros estudos sobre crianças disléxicas;
-1896- os médicos britânicos Pringle Morgan e James Kerr realizaram os primeiros relatos de casos de crianças inteligentes que não conseguiam aprender a ler;
-1917- o oftalmologista escocês Hinshelwood, descreveu  a cegueira para palavras como  um distúrbios de leitura de origem congênita que ocorria numa proporção maior em meninos;
-1928- Samuel Orton, levantou a hipótese de que os erros de reversão e inversão de letras e palavras na leitura e escrita cometidos pelos disléxicos decorriam da imaturidade neurológica, o que impedia ou retardava a especialização hemisférica e, portanto, provocava dificuldades visuais direcionais e espaciais;
- Década de 60, ganha força a hipótese de que a causa fundamental do distúrbio dos disléxicos do desenvolvimento é de natureza perceptual;
- Década de 70, Vellutino defende a hipótese de um déficit no processamento verbal;
- Década de 80-90, ganha força a hipótese de que os disléxicos do desenvolvimento apresentam déficits primários nas habilidades fonológicas.
Dislexia Visual
Definição: 
 A criança consegue VER, mas não pode diferenciar, interpretar ou recordar palavras devido a uma disfunção do SNC.
Características: 
1- Confunde letras e palavras que parecem semelhantes_ detalhes internos ou na configuração geral: o-e.c-e, f-t,n-u, m-n, h-b;
 2-  Velocidade de percepção visual baixa: apesar da discriminação correta examina as palavras lentamente e não consegue reconhecê-las com rapidez como sendo igual ou diferente;
3- Tendência a reversão e rotação na leitura ou escrita: lama- mala, p-q, b-d;
4- Inversão de letras, sílabas ou palavras: M-W, p-d;
5- Dificuldade para seguir e reter sequencias visuais: conhecem todas as letras das palavras mas não lembra a ordem das mesmas;
6- Desordens na memória visual para: experiências não- verbais( descrever a sua casa, o irmão), experiências verbais, nº, notas musicais e figuras;
7- Desenhos inferiores e carentes de detalhes;
8- Problemas na análise e síntese visual: não conseguem relacionar as partes ao todo( por exemplo: quebra - cabeças);
9- Dificuldade em acompanhar jogos ou esportes;
10- Problemas de orientação D-E e orientação espacial( por exemplo: mapas).

I- PROCEDIMENTOS EDUCACIONAIS
O disléxico visual raramente é capaz de aprender através de uma abordagem ideovisual, pois não conseguem associar palavras aos seus significados.
Não é capaz de reter a imagem visual de uma palavra completa e, consequentemente, requer uma abordagem Fonética para ler.
Assim, a instrução deve começar com a apresentação de unidades visuais curtas( geralmente letras isoladas) que podem ser combinadas para formar palavras.
O objetivo é oferecer á criança um modo sistemático de trabalhar com palavras, mas também para ajudá-la a aprender um vocabulário visual.
O reconhecimento instantâneo de palavras inteiras pode ocorrer somente depois de meses ou mesmo de anos de treinamento.
A abordagem que tem tido mais sucesso com a criança disléxica é a alfabética ou fono visual.
Como essa abordagem requer um elevado grau de integridade auditiva, o professor precisa avaliar a capacidade da criança para combinar sons. Se ela for incapaz de combinar 2 ou3 sons, essa abordagem não será satisfatória- poderia ser utilizada uma abordagem de palavras inteiras com alguma ênfase no tato e na cinestesia.
A ABORDAGEM ALFABÉTICA
1- Ensinar os sons das letras:
- selecionar 2 ou 3 consoantes que sejam diferentes na forma e no som( por exemplo, m,s,t). Certifique-se que a criança diferencia uma letra da outra;
- enquanto segura o cartão, pronuncie o som da letra. Não introduza o nome da letra nesse momento;
- as letras devem ter entre 5-7,5cm de altura e o tipo de escrita deve ser mantido constante;
- as letras maiúsculas não devem ser introduzidas até que a criança tenha um certo grau de capacidade para ler as palavras impressas em minúsculas;
2- Ensinar palavras que comecem com cada som.
3- Ensinar a identificação da letra e a correspondência ao seu som:
- depois de apresentar  3 ou 4 consoantes, mostre à criança os cartões e solicite que identifique a letra que acompanha o som que você diz;
- o objetivo é formar uma forte associação entre os símbolos visual e auditivo e ajudá-lo a transferir de um para outro. Ao ouvir o som, ele precisa saber como ele é escrito, e ao ver a letra deve capaz de recordar o som;
- em alguns casos, a criança deve ser encorajada a traçar as letras sobre os caracteres impressos, ao mesmo tempo em que pronuncia o som da letra;
-a associação de palavras aos sons raramente são recomendadas;enquanto alguns métodos dão ênfase ao ensino de um som em associação a uma palavra- chave( a/ árvore), essa técnica pode causar confusão para os disléxicos;
- em raros casos,é útil uma pista não verbal associada a uma letra Por exemplo: um garoto que não conseguia lembrar-se do som do "J", carregava um cartão com a letra escrita ao lado da gravura de uma janela.
4- Combinar sons para formar palavras com sentido:
- logo que a criança reconhecer algumas consoantes e vogais, ensine-a a combinar esses sons para formar palavras com sentido;
-não se deve ensiná-la a combinar sons para formar sílabas sem sentido. A combinação precisa ser feita   suavemente para evitar a leitura aos trancos, com distorções e má pronuncia de palavras;
- a pessoa disléxica não tem dificuldade para compreender o que lê; seu problema é alcançar o significado;
- ela  não consegue passar do símbolo visual ao sentido; consequentemente , a ênfase se encontra nas associações auditivas e visuais. Assim, ao produzir o som das palavras, ela pode usar o sentido como um instrumento de verificação.
5- Apresentar famílias de palavras:
- quando tiver conseguido êxito com algumas palavras simples, apresente famílias de palavras;
- a partir da palavra bola, mostre à criança como ela pode substituir a consoante inicial para formar outras palavras( cola, sola, mola). As consoantes finais também devem ser variadas para formar outras palavras( cobra, sopa, moleque);
- um elemento importante que deve ser lembrado no ensino é o fato de que ela não consegue manipular as letras mentalmente  para formar famílias de palavras. É necessário usar palavras recortadas.
6- Introduzir combinações de vogais longas e de agrupamentos de consoantes representados por um único som:
- a criança deve lembrar-se de unidades visuais mais longas. ela precisa ser encorajada a pensar tanto na sequencia dos sons quanto das letras, relacionar uma sequencia temporal a uma visual e observar os sons quando as letras são colocadas numa ordem diferente. por exemplo: or/ro.
- explica-se à criança que ela vai ver 2 letras, mas que ainda assim ouvirá somente um som( ch,lh). Frequentemente é uma etapa difícil para a criança disléxica, cuja capacidade de memória é limitada.
7- Introduzir sentenças, parágrafos e histórias simples:
- ao escrever as histórias, a estrutura das sentenças deve ser semelhante a da língua falada pela criança, de modo que ela tenha um meio de antecipar a palavra seguinte da sentença;
- a criança deve ter um vocabulário e leitura suficientemente amplo a fim de que não experimente fracasso a serem introduzidos livros de leitura;
- antes de tentar ler uma página, pede-se a ela que dê uma olhada rápida para ver se há palavras que não consegue. O professor, então, a ajuda com as palavras difíceis antes de começar. Isso é para evitar uma interrupção do fluxo da leitura e do pensamento.
II- TRABALHAR AS FUNÇÕES VISUAIS DEFICIENTES:
Como já foi dito, utiliza-se uma abordagem de elementos fonéticos com a criança disléxica visual nas fases iniciais de treinamento. Entretanto, é necessário o esforço no sentido de se melhorar as funções visuais deficientes,para que ela eventualmente consiga aprendera ler sem passar por processos analíticos auditivos.
a) Preparar os materiais cuidadosamente:
- as gravuras devem ser limpas, os seus limites devem ser bem definidos,  e os materiais escritos devem ser claros e bem espaçados. Algumas crianças não apreendem o todo se os materiais forem muito grandes.
b) Melhorar o exame e desenvolver a inspeção ordenada de materiais:
-  frequentemente, as crianças com distúrbios de aprendizagem não são organizadas na sua inspeção de materiais. As que são distraídas vão e voltam do começo ao fim da palavra e, ao invés de fazer um exame cuidadoso, fixam-se em detalhes e não notam as características importantes;
- estimular o exame sistemático de palavras, expor gradativamente as letras e encorajar a criança a comparar as palavras letra por letra.
c) Equilibrar a estimulação de recepção:
- as crianças disléxicas não fazem generalizações visuais casuais; elas precisam contar com pistas complementares para ajudá-las a ver as semelhanças e diferenças nas letras e palavras;
- a tarefa do professor é determinar se a criança progride mais quando se oferece estimulação de todas as modalidades, combinando as modalidades: auditiva-visual; cinestésica-visual, ou com a redução periódica da visão e maior ênfase na modalidade cinestésica.
III- ÁREAS A SEREM TRABALHADAS:
1- Percepção de forma geral e configuração; Percepção e detalhes;
2- Orientação espacial das letras; Memória de sequências visuais;
3- Aumento da velocidade de discriminação visual.
TRABALHAR:
Discriminação visual com blocos lógicos: colocar 2 quadrados grandes e grossos azuis e 1 quadrado grande fino e azul e pedir para a criança pegar o diferente.
Tom verbal: cada som tem um movimento para ensinar o disléxico.
Método: Erasmo Piloto- método repetitivo.Ex: O que eu tenho na mão LÁPIS- o que eu vou escrever: LÁPIS. LA, LE, LI, LO,LU= sintético LÁPIS= analítico. Refazer o caminho do analítico para o sintético quantas vezes forem necessárias.
Prestar atenção nas conversas dos familiares para ver se o caso do filho não é hereditário.
VER- pensamento e a fala para ver se realmente é disléxico.( Prof. Olinda)By Lully.



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