segunda-feira, 9 de julho de 2012

HISTÓRIA DOS JOGOS E DAS BRINCADEIRAS

INTRODUÇÃO Aceitamos como princípio que o lúdico serve para educar a criança, contribuindo no processo de desenvolvimento da capacidade física, intelectual e moral, visando à sua melhor integração individual e social. Ao fazermos uma pequena viagem na “história dos jogos e das brincadeiras” seguindo a concepção de Phillipe Ariès, tomando como base o seu livro história social da criança e da família, analisando a infância de Luis XIII, em meados do século XVII, trazendo uma maior interação entre adultos e crianças, bem como a liberdade de alguns jogos que aconteciam nas escolas em que se apostava dinheiro, observando as modificações significativas, que ocorreram no contexto social. Ao analisamos a sociedade contemporânea, onde cada vez mais os jogos tradicionais estão desaparecendo, dando espaço aos novos adventos tecnológicos. Cientes de que o nosso papel é compreender e buscar novos caminhos e possibilidades para uma mudança de concepção sobre as novas práticas educacionais para o lúdico e a sociedade contemporânea para que, com as questões discutidas a seguir possamos esclarecer algumas questões podendo vir a contribuir para uma educação de qualidade. UM POUCO DE HISTÓRIA É importante acompanhar a história das atividades lúdicas no decorrer de sua história, bem como analisar as modificações das práticas escolares no decorrer do tempo. Esperamos contribuir para os estudos que virão a ser desenvolvidos sobre a origem do lúdico, colaborando com aqueles que acreditam numa sociedade diferente. Conforme Huizinga (2007, p.03) “O jogo é fato mais antigo que a cultura, pois esta, mesmo em suas definições menos rigorosas, pressupõe a sociedade humana; mas, os animais não esperaram que os homens os iniciassem na atividade lúdica”. Estamos vivendo numa época caracterizada pela flexibilidade. É imprescindível divulgar e trocar as diversidades culturais das várias regiões que traduzem seus respectivos valores através da linguagem transmitida pelo lúdico, através de brinquedos e brincadeiras. Há, ainda, brinquedos que são criados por mãos artesanais de pessoas simples e sensíveis, tais como: bambolê, bola de meia, boneca de pano, boneca de papel, carrinho de rolimã, cavalo de balanço, cavalo de pau, estilingue, jogo de damas, fantoche, jogo da memória, marionete, pião, pipa, vai-e-vem, etc. Vemos o quanto esses brinquedos que, para muitos podem parecer, ou até mesmo são, simples, têm, de fato, grande importância para o desenvolvimento físico das crianças. Tais brinquedos, além de não sedentarizarem as crianças, ou seja, as crianças estão a todo o momento gastando energia, também estarão possibilitando a socialização com outras crianças, aprendendo a respeitar regras, a conviver em grupo. Também não podemos deixar de mencionar que não há só brinquedos artesanais. Ultimamente, outro grande segmento está ganhando proporções maiores, são os brinquedos propostos pela indústria, que são brinquedos eletrônicos, a exemplo dos vídeos-games. Esses brinquedos além de não estimularem a psicomotricidade acabam viciando e em muitos casos individualizando as crianças, além de as afastarem do convívio familiar. Também desviam a atenção das crianças para outras atividades. Philippe Ariès, em seu livro História Social da Criança e da Família, faz uma pequena história dos jogos e das brincadeiras que, devido à sua relevância, é oportuno resumir aqui. Começa com uma referencia a Luis XIII, que desde muito cedo teve contato com atividades lúdicas, dentre as quais, a dança, a música e o teatro, não se contendo mais aos habituais brinquedos como cavalo de pau, o cata-vento e o pião. É notória a contribuição que essas atividades lúdicas tiveram para sua formação. Apesar de possuir uma boa condição financeira, Luis não era paparicado. Muitas vezes também, ele é surrado: “como se comportasse mal (recusava-se a comer) levou uma surra; depois de acalmado, pediu sua comida e comeu”. “Foi para o quarto gritando e levou uma surra.” Embora se misture aos adultos, se divirta, dance e cante com eles, ele ainda brinca com brinquedos de criança (ARIÈS, 1978, p. 83-84). Observamos que o comportamento da família do pequeno Luis XIII, era diferente do vivido por muitas famílias atualmente, já que alguns pais, ou por falta de tempo ou por opção, preferem trocar atividades que envolvam a interação pai-filho por outras atividades, dentre as quais filho-tecnologia. Isso acaba contribuindo para que cresça uma criança paparicada, não se esforçando, nem envolvendo-se mais com os adultos para um desenvolvimento mais proveitoso no futuro. Precocemente, com apenas três anos e cinco meses, Luis XIII começa a aprender a ler, influência de fábulas contadas. A partir dos quatro anos, começa a aprender a escrever, como podemos observar desde cedo ele é estimulado a desenvolver atividades de seu interesse, por isso ele tem mais desejo de permanecer nessa atividades. Luis XIII é uma referência do que poderíamos chamar de menino que praticava atividades de adultos, pois as simples brincadeiras que desenvolvia com adultos lhes proporcionava não só um desenvolvimento físico, mas principalmente intelectual. Ao mesmo tempo em que brincava de bonecas, esse menino de quatro a cinco anos praticava o arco, jogava cartas, xadrez (aos seis anos) e participava de jogos de adultos, como o jogo de raquetes e inúmeros jogos de salão. Aos três anos, o menino já participava de um jogo de rimas, que era comum às crianças e aos jovens... Quando ele não está brincando com os pajens, está brincando com os soldados. Aos seis anos, joga o jogo dos ofícios e brinca de mímica, jogos de salão que consistiam em adivinhar as profissões e as historias que eram representadas por mímica. Essas brincadeiras também eram brincadeiras de adolescentes e de adultos (ARIÈS, 1978, p.86). Como vimos, nessa época era maior a interação entre crianças e adultos, como também era normal e comum alguns meninos brincarem de bonecas. Diferentemente dos dias atuais, quando há cada vez menos interação de adultos e crianças e vemos que as crianças têm pré- estabelecidos seus brinquedos: meninos brincam de bola e carrinho; meninas brincam de bonecas e casinha. É que, para a mentalidade de boa parte dos pais hoje em dia quem brinca de boneca e casinha são as meninas, pois ver meninos brincando de casinha ou de bonecas é estranho para os pais, pois, perante a sociedade já é um forte indício de que aquela criança, um dia, possa vir a apresentar orientação sexual diferente do gênero a que pertence e que a sociedade julga como certo, conseqüentemente interferido no relacionamento com a família e com a sociedade em geral. Até mesmo por volta do século XVII, os pais tinham essa preocupação, pois a criança ao atingir certa idade tinha modificada sua rotina. As coisas mudam quando ele se aproxima do seu sétimo aniversario: abandona o traje da infância. Tenta-se então fazê-lo abandonar os brinquedos da primeira infância, essencialmente as brincadeiras de bonecas: “não deveis mais brincar com esses brinquedinhos (os brinquedos alemães), nem brincar de carreteiro: agora sois um menino grande, não sois mais criança”. Ele começa a aprender a montar a cavalo, a atirar e a caçar. Joga jogos de azar (ARIÈS, 1978, p.87). Nessa época, as crianças tinham duas infâncias. Uma até os sete anos e outra após os sete anos, uma mudança radical na vida e nos hábitos, ou seja, a criança abre mão de uma seqüência de acontecimentos e divertimentos, para tomar emprestada uma nova rotina com os adultos, passando a dividir seu tempo com eles. Nessa mesma fase entramos numa questão duvidosa: até que ponto os brinquedos como o cavalo de pau, o cata-vento, carro, entre outros são só brinquedos de criança, ou será que fazem parte do universo adulto. Alguns desses brinquedos nasceram do espírito de competição das crianças que imitam as atitudes e gestos dos adultos, a exemplo do cavalo de pau. As crianças, ao conviverem com o principal meio de transporte no século XV, que era o cavalo, trouxeram esse brinquedo para sua realidade. Essa mesma realidade vivenciamos hoje em dia, quando as crianças imitam carros, aviões, entre outros. Mesmo assim, podemos dizer que há também brincadeiras que parecem ter tido outra origem, que não o desejo de imitar os adultos. Assim, muitas vezes a criança é pega representando pássaros e animais. Vemos como no decorrer da história alguns brinquedos tiverem sua utilidade modificada, como, por exemplo, a boneca cuja principal função seria entreter crianças, mas, certo tempo atrás, era também um perigoso instrumento de feiticeiros e de bruxos. Essas representações, de formas reduzidas, resultaram também numa forma de arte que conhecemos hoje como presépios natalinos. Em Paris, por volta do século XVI, inventaram uns brinquedos chamados de fantoches. Segundo Barbier ... essas bobagens divertiam e dominavam Paris inteira, de tal forma que não se pode ir a nenhuma casa sem encontrar alguns, pendurados nas lareiras, são dados de presente a todas as mulheres e meninas Jacob cita “as pessoas de sociedade, muito ocupadas (o que diria ele hoje!), não se divertem mais como naquele bom tempo de ócio (?) que viu florescer a moda dos bilboquês e dos fantoches; hoje deixamos os brinquedos para as crianças (BARBIER apud ARIÈS, 1978, p. 90-91). Constatamos como o teatro de fantoches parece ter sido um tipo de manifestação da arte popular no século XVI, possa ser que devido a esse fato tenha começado a ocorrer desde esse século até o inicio do século XIX, a boneca serviu às mulheres elegantes como manequim de moda. Até hoje podemos constatar muitas mulheres fazem coleções de bonecas, conservando-as e organizado-as, cuidadosamente. Diferentemente das bonecas de crianças que em sua maioria são maltratadas e esfarrapadas. Portanto, podemos observar a ambigüidade de alguns brinquedos, não destinando-se apenas às meninas, como o caso da boneca. Vimos que Luis XIII também brincava com bonecas naquela época. Depois de ter brincado com bonecas dedicou-se a outras atividades como o jogo de bola, ou até mesmo os jogos de cartas com apostas em dinheiro. Nessa época não se repreendiam esses tipos de jogos com crianças com mais de sete anos. Se os jogos de azar não provocavam nenhuma reprovação moral, não havia razão para proibi-los às crianças: daí as inúmeras cenas de crianças jogando cartas, dados, gamão, etc., que a arte conservou até os nossos dias (ARIÈS, 1978 p. 107). Aquela realidade difere da nossa onde, os jogos com apostas em dinheiro, na sua grande maioria, são proibidos por lei, a exemplo dos caça-níqueis. ... À tarde, todos os jovens da cidade saiam para os arredores, para jogar o famoso jogo de bola... Os adultos, os parentes e as autoridades, vinham a cavalo assistir os jogos dos jovens e voltavam a ser jovens como eles. O jogo de bola reunia várias comunidades numa ação coletiva, opondo ora duas paróquias, ora dois grupos de idade... Este jogo se diversifica e se divide de tal maneira que os homens casados ficam de um lado e os não casados de outro; eles levam a dita bola de um lugar para o outro e disputam-na uns aos outros a fim de ganhar o prêmio... (ARIÈS, 1978 p. 98-99). Podemos comparar que nos dias atuais quase todas as competições envolvem alguma premiação, seja ela em dinheiro ou até mesmo em objetos. Até o Governo Federal dá incentivos aos atletas como bolsa atleta. Na verdade, é muito raro encontrar, hoje em dia, atletas que desempenhem suas atividades esportivas sem nenhum interesse financeiro, sendo que muitas vezes esse interesse econômico é para o seu próprio sustento. “Para o biógrafo Padre Ange, o jogo é não apenas um divertimento, mas uma profissão, um meio de fazer fortuna e de manter relações – um meio perfeitamente honesto”. (ARIÈS, 1978 p. 106). As escolas do século XVIII não proibiam os jogos em que se apostassem dinheiro, apesar da aversão de muitos educadores, não muito diferente de hoje em dia, em que alguns educadores repudiam até mesmo o próprio jogo como apto ao desenvolvimento dos (as) alunos (as). Mesmo nos colégios, centros da moralização mais eficaz, os jogos a dinheiro persistiram por muito tempo, apesar da repugnância que por eles sentiam os educadores. No início do século XVIII, o regulamento do colégio dos Oratotianos de Troyres precisa: “Não se poderá jogar a dinheiro, a menos que seja muito pouco e com permissão especial”. O professor universitário moderno que citou esse texto em 1880 acrescenta, um tanto chocado diante de hábitos tão distantes dos princípios educacionais de sua época: “Era praticamente autorizar o jogo a dinheiro.” Ao menos, era se conformar com ele (ARIÈS, 1978, p.107). Vimos que no decorrer dos séculos as atividades lúdicas em instituições escolares tiverem modificações significativas de acordo com o contexto social, econômico e religioso. 30 anos antes de Comenius escrever a Didática Magna, Crispin de Pos, em 1602, representa cenas da vida escolar num “colégio batavo”. Um sentimento novo, portanto, apareceu: a educação adotou os jogos que até então havia proscrito ou tolerado como um mal menor. Os jesuítas editaram em latim tratados de ginástica que forneciam as regras dos jogos recomendados. Admitiu-se cada vez mais a necessidade dos exercícios físicos. Fénelon escreve: “os (jogos) de que elas (as crianças) gostam mais são aqueles em que o corpo está em movimento; elas ficam contentes quando podem movimentar-se”. Os médicos do século XVIII, inspirados nos velhos “jogos de exercícios”, na ginástica latina dos jesuítas, conceberam uma nova técnica de higiene corporal: a cultura física (ARIÈS, 1978 p.113). No fim do século XVIII, os jogos de exercícios receberam uma outra justificativa, desta vez patriótica: eles preparavam os rapazes para a guerra. Compreenderam-se então os benefícios que a educação física podia trazer à instrução militar. Entendendo-se que esses exercícios físicos não são tanto os jogos, e sim todos os trabalhos manuais, por oposição aos trabalhos intelectuais. QUASE MEIO SÉCULO DEPOIS Na sociedade contemporânea, grande parte dos jogos tradicionais infantis estão desaparecendo devido à influência da televisão e ao advento de novas tecnologias da comunicação e da informação, particularmente, os jogos eletrônicos. A televisão hoje acompanha as crianças através do planeta, mesmo antes de terem permissão para atravessar a rua. Aparentemente, a televisão parece ser um objeto unívoco e natural, mas a realidade é mais complexa (MEYROWITZ apud PEREIRA IN: SARMENTO & GOUVEIA, 2008, p.222). Já imaginaram poder viajar pelo mundo, conhecer vários lugares, várias pessoas sem sair da própria casa? Ou até mesmo poder brincar o tempo todo com varias pessoas, mesmo sem sair de casa? Boa parte dos pais hoje em dia por não ter muito tempo livre para passarem com seus filhos estão aderindo cada vez mais às novas tecnologias, pois além de entreterem seus filhos também os matem ocupados durante boa parte do tempo, deixando-os prisioneiros de seu próprio lar. As brincadeiras hoje se constituem conectadas aos desenhos animados, aos videogames, aos filmes, websites, jogos de cartas, brinquedos, revistas, compondo um sistema de comunicação e informações, ao mesmo tempo coeso e de muitas interfaces (SARMENTO & GOUVEIA, 2008, p.210). Podemos dizer que essas crianças fazem parte de uma cultura lúdica especifica, uma cultura digital, pois tem que estarem prontas para consumir e aprender – esta é a postura a ser assumida pela criança no momento de sua inserção na cultura lúdica em rede. Adventos como esses são imposições do mercado, tais adventos para a educação em sua grande maioria além de serem contra producentes, sedentarizam e viciam as crianças, pois se nos basearmos como, por exemplo, em jogos eletrônicos em especial os de videogames, a criança além de passar boa parte do seu tempo sentada em frente a uma televisão, muitas vezes perdem até o prazer de saírem, de terem o contato com outras pessoas, notamos cada vez mais cedo a entrada desses tipos de jogos na vida das crianças se analisarmos desde cedo muitos pais incentivam seus filhos a ficarem na frente da televisão assistindo algum programa ou até mesmo repetindo várias vezes um mesmo desenho, e isso acaba acostumando a criança a esses advento Nas brincadeiras, jogos e experiências lúdicas mais diversas, as crianças estão consumindo brinquedos, artefatos, informações, imagens, textos e, ao mesmo tempo, combinando esses elementos e compondo entre eles novas conexões (GOLDSTEIN et al. apud SOUZA & SALGADO In: SARMENTO & GOUVEIA, 2008, p.210). Podendo assim cada vez mais ampliar seu universo a novas atividades, ao tomarmos esta citação como uma pista para nossas inquietações no presente momento, o que se observa é que a cultura lúdica é diferente de acordo com o contexto na qual está inserida. Essa cultura lúdica abre-se para um mundo social e cultural. Por isso essa cultura não se apresenta da mesma forma em todos os contextos em que o jogo e a brincadeira são possíveis como vimos anteriormente Indagar sobre a experiência da infância no mundo de hoje implica em um olhar crítico sobre as representações da criança na mídia e sobre os modos como adultos e crianças interagem com a cultura do consumo, a tecnologia e a velocidade com que as informações circulam, redefinindo não apenas as relações entre as pessoas, mas também uma nova cultura lúdica (SOUZA & SALGADO apud SARMENTO & GOUVEIA, 2008, p.207). Não somos contra o advento das novas tecnologias. Somos contra posturas adotadas por alguns pais e professores que acabam esquecendo brincadeiras tradicionais como barra-manteiga, corda e as cantigas de roda que contribuem e colaboram para o desenvolvimento infantil Brincado de ‘lenço atrás’, as crianças aprendem não só a correr em círculo, mas também a cooperar com os companheiros (mantendo a roda), a obedecer às regras do jogo (saindo apenas na sua vez), a respeitar os direitos dos outros (só apanhando o lenço que lhe é destinado), a acatar a autoridade (encontrada muitas vezes na pessoa de um colega, que é o chefe do grupo, a assumir responsabilidades, a aceitar as penalidades que lhe são impostas (o choco), a dar oportunidades aos demais (não jogando o lenço apenas aos amigos, mas a todos os participantes), enfim, a viver em sociedade (MEDEIROS e MACHADO apud KISHIMOTO, 2009, p. 111). FERREIRA (2010) elenca grande quantidade de jogos e brincadeiras que continuam sendo utilizadas na sociedade contemporânea. Jogos: raquete pet, boliche e argolas... Brinquedos: vai e vem, óculos escuros, bilboquê, pé de lata, peteca, pião, cavalinho 1, barangandão, disco voador, gatinho, joaninha, corrupio e roladeira... Brincadeiras mais apropriadas para crianças de 04 e 05 anos: Passa tesoura; bambolê com bola; corrida com bambolê; rabo do tatu; era uma vez; sombra; raposa na toca; coelho na toca; circuito do caranguejo; caranguejobol; maré encheu; caixa mágica; diga a diferença; corrida com pé de lata; corrida com limão; passa anel; boca de forno; a serpente; casa fechada; montanha russa; imite se puder;; carrinho de mão; obedeça o comando; tengo telengo tengo; dança das cadeiras; vista-se primeiro; espelho; caneta na garrafa; segura o jornal; pega-saci; seu lobo; qual é a música; joga a bexiga; estoura a bexiga; hadsabonete; escravos de Jó; responda se souber; cabo de guerra; ar; terra e mar; adoletá; telefone sem fio; colheres e limão, frio ou quente (FERREIRA, 2010, p. 91). Baseando-se nisso é necessário que o brincar na escola seja devidamente planejado para que auxilie positiva e efetivamente no desenvolvimento das crianças, levando-as a resolver conflitos internos, praticar habilidades físicas e mentais, criar, imaginar, se comunicar, cooperar, desenvolver a autonomia, desenvolver a organização espacial, aumentar, a concentração, ampliar o raciocínio lógico, entre outros. A experiência do brincar cruza diferentes tempos e lugares, passados, presentes e futuros, sendo marcada ao mesmo tempo pela continuidade e pela mudança. A criança, pelo fato de se situar em um contexto histórico e social, ou seja, em um ambiente estruturado a partir de valores, significados, atividades e artefatos construídos e partilhados pelos sujeitos que ali vivem, incorpora a experiência social e cultural do brincar por meio das relações que estabelece com os outros – adultos e crianças. A escola fez com que os pais – que sem ela, ou antes dela, cuidavam, pelo menos empiricamente, da iniciação elementar dos filhos – acreditassem que ela se encarregaria dessa preparação para vida, dessa generosa semeadura que os deixaria mais ricos e mais fortes. Temos algumas razões para não estar satisfeitos com seu trabalho (FREINET, 1998, p. 92) Afinal, brincar é uma experiência de cultura importante não apenas nos primeiros anos da infância, mas durante todo o percurso de vida de qualquer ser humano, portanto, também deve ser garantida em todos os anos do ensino fundamental e etapas subseqüentes da nossa formação! Às vezes, a criança brinca com grande seriedade, sendo então capaz de afrontar o perigo e o sofrimento. O prazer e a dor, independentemente de sua aparência, não são manifestações profundas. Ou melhor, são manifestações apenas. E devemos atingir o mecanismo essencial se queremos influir de maneira decisiva sobre seu funcionamento (FREINET, 1998, p. 142) Certamente ficará mais claro para nós que o brincar é uma atividade humana significativa, por meio da qual os sujeitos se compreendem como sujeitos culturais e humanos, membros de um grupo social e, como tal, constitui um direito a ser assegurado na vida do homem. CONSIDERAÇÕES FINAIS Ficou claro, ao menos para nós, como foi dito anteriormente, que os brinquedos artesanais, tão simples e ao mesmo tempo de grande importância para o desenvolvimento psicomotor das crianças estão perdendo seu espaço para os brinquedos produzidos pela indústria. Ao analisarmos o livro História Social da Criança e da Família, pode-se observar o contexto de meados do século XVII: as principais características das brincadeiras e dos brinquedos que meninos e meninas usufruíam naquela época, bem como a mudança da rotina das crianças (especificamente os meninos) que a partir dos sete anos de idade tinham uma nova rotina em suas vidas. Observamos, também, o papel das escolas do século XVIII na educação de cada criança, quando era comum fazer apostas, bem como receber premiações nos jogos praticados nas instituições escolares. Tratando a questão do lúdico e a sociedade contemporânea, observamos a influência das novas tecnologias nos dias atuais, bem como essa imposição do mercado na sociedade em que vivemos, sendo em sua maioria contraproducente, sedentarizando crianças com acesso a esses adventos eletrônicos, pois contribuem, e muito, para a acomodação e, com isso, as crianças correm o risco de não desenvolver a psicomotricidade de forma adequada. Deixamos claro que não somos contra esses adventos, apenas contra a postura de alguns profissionais que deixam de lado brincadeiras tradicionais que são importantes para o desenvolvimento físico e intelectual. Bibliografia REFERÊNCIAS ARIÈS, Philippe. História Social da Criança e da Família. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan S. A. 1978. FERREIRA, Kacianni. Brincadeiras e brinquedos: da educação infantil à melhor idade. Petrópolis, RJ: Vozes 2010. FREINET, Célestin. A educação do trabalho. São Paulo: Martins Fontes, 1998 HUIZINGA, Johan. Homo ludens: o jogo como elemento da cultura. São Paulo: Perspectiva, 2007. Tradução João Paulo Monteiro KISHIMOTO, Tizuco Morchida. Jogos infantis: o jogo, a criança e a educação. Petrópolis, RJ: Vozes, 2009. SARMENTO, Manuel & GOUVEIA, Maria Cristina Soares de (orgs). Estudos da infância: educação e práticas sociais. Petrópolis, RJ: Vozes, 2008.

Um comentário:

  1. Amiga parabéns, estou sempre seguindo suas postagens, muito ricas, venha visitar meu blog, abraço!

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