terça-feira, 22 de novembro de 2011

A IMPORTÂNCIA DA AFETIVIDADE

RESUMOEste artigo tem por objetivo investigar a necessidade da afetividade na relação professor de matemática e aluno, observando como a interação entre ambos poderá garantir um ensino mais satisfatório. Para realização desse estudo a abordagem metodológica utilizada foi a pesquisa qualiquantitativa. Para a coleta de dados foram utilizados questionários constituídos de um conjunto de questões fechadas e abertas. O estudo foi realizado com duas categorias de indivíduos: professores e ex-alunos do ensino fundamental. Foram escolhidos numa amostra de conveniência, 10 professores e 10 alunos do Ensino fundamental I, com o diferencial de entrevistarmos professores da matéria específica em matemática. Os entrevistados são de escola pública e particular, da cidade de São Paulo. Vários aspectos interferem positivamente ou negativamente na aprendizagem da criança, dentre eles a relação do professor com os alunos se destaca por ter um papel importante e fundamental no processo de ensino aprendizagem. Por meio de pesquisas e estudos de artigos, chegou-se a uma maior clareza sobre o tema, e os resultados indicaram que tanto os alunos como os professores, concordam sobre a importância de buscar se relacionarem bem entre si. Entre os professores 98% concordam que o relacionamento afetivo entre professor-aluno melhora a aprendizagem, enquanto somente 2% trataram esta questão com indiferença afirmando que a falta de afetividade não é fator determinante para uma boa aprendizagem. Quanto aos alunos 93% concordaram que a afetividade ajuda na aprendizagem, enquanto 7% não fazem nenhum tipo de ligação entre a defasagem do ensino com a falta de afetividade.
No entanto fica claro que a maioria dos professores e alunos concordam que a falta de afetividade poderá prejudicar o processo de ensino.
Palavras chaves: afetividade, matemática, relação.
ABSTRACTThis article aims to investigate the need for affection in the relationship between teacher and student of mathematics, observing how the interaction between teacher and student can ensure a more satisfying education. For such studies the methodological approach was qualitative and quantitative research. To collect data, there were questionnaires consisting a set of closed and open questions. The study included two categories of individuals: teachers and former students of elementary school. Ten parents and ten students from a convenience sample of public and private Elementary Schools in the south zone of São Paulo, were chosen to an interview of specific subject in mathematics. Several aspects affect positively or negatively children's educational development, in which involvement of teachers and students stands out for making important and fundamental roles in the learning process. Through research studies and articles a greater clarity was accomplished on the issue, and the results indicated that both, students and teachers agree on the importance of seeking a good relation with each other. A very significant percentage of 98% of teachers agree that the affective relationship between teacher and student help improvement in the learning process, while only 2% treated this question with indifference, claiming that the lack of affection did not affect learning. As for students 93% agree that the affection helps students learn better, while 7% do not make any connection between the learning gap with the lack of affection. It was concluded that, most teachers and students agreed that lack of affection can impair the learning process.
Keywords: affection, mathematics, relationship.

INTRODUÇÃONa atualidade, muitos educadores por não estarem preparados para trabalhar em sala de aula, buscam diferentes métodos para o ensino dos conteúdos escolares, porém muitas vezes não se importam com a necessidade do relacionamento afetivo.
No dicionário da língua portuguesa (MICHAELLIS/) afeto significa: “a.fe.to sm (lat affectu) 1 Sentimento de afeição ou inclinação para alguém. 2 Amizade, paixão, simpatia. adj 1 Afeiçoado. 2 Entregue ao estudo, ao exame ou à decisão de alguém.
Na educação, tivemos como teoria para o ensino, o método tradicional, marcado pelo controle sobre o outro, com o objetivo de formar alunos passivos e heterônomos. Nos dias de hoje, muitos professores ainda refletem características desse método, como autoritarismo e dominação. De acordo com REGO (1996): “Uma relação professor-aluno baseada no controle excessivo, na ameaça e na punição provocará reações diferentes das inspiradas por princípios democráticos.”
A educação não deve ter como fim o ensino baseado em tais características, pois estará prestes a ruína. No entanto, esse trabalho não tem o objetivo de especificar os métodos e teorias educacionais, mas de evidenciar como a falta de afetividade entre o professor e o aluno pode influenciar diretamente a sua formação. Segundo CELSO ANTUNES (2002): “o professor é o único no mundo que tem argila com a qual se moldará o amanhã! E por isso precisa refletir sobre as ferramentas e crenças que balizam suas ações, verificando melhores caminhos no processo do educar”
Os alunos podem não gostar da matemática pela ausência de afeto do professor, mesmo que a matemática não lhes pareça muito complicada ou difícil. Muitas vezes a matéria é apresentada sem vínculos com o outro e com a própria realidade, tornando-se sem sentido na vida das pessoas. Os aspectos mais interessantes da disciplina como por exemplo: resolver problemas, discutir idéias, checar informações e ser desafiados, são pouco explorados na escola. Dessa forma, o ensino matemático, quando não bem aplicado vira só um monte de regras mecânicas que nem o professor sabe para que serve, utilizando para o ensino, conceitos básicos com pouca fundamentação, faltando ênfase no ensino da disciplina e aprofundamento para estabelecer relações matemáticas com a realidade. É necessário que o professor faça com que os alunos se identifiquem com a matéria, caso o contrário, poderá fazê-los ter aversão sobre os conteúdos matemáticos.
Segundo FERNANDEZ (1991):
“Toda aprendizagem esta impregnada de afetividade, que ocorrerá a partir das interações sociais num processo vincular. Pensando, especificamente, na aprendizagem escolar, a trama que se tece entre alunos, professores, conteúdo escolar, livros, escritas, etc, não acontece puramente no campo cognitivo”.
Existe uma base afetiva permeando essas relações. O bom profissional deverá integrar o conteúdo aprendido a realidade, utilizando recursos lúdicos e concretos, deixando assim o aluno mais seguro e interessado. Estes trabalhos têm a finalidade de mostrar “A importância da afetividade na relação professor de matemática e aluno”.
Segundo COLL, (1994, p. 127):
“Uma das condições para que a aprendizagem seja significativa em contraposição a uma aprendizagem sem sentido e mecânica, é a atitude favorável do aluno para aprender. Isto é, o aluno deve estar motivado a aprender significativamente.
E essa vontade de aprender dependerá da relação que esse aluno tem com o professor dentro de sala de aula. O professor precisa adotar uma postura na qual possa refletir sobre seus métodos e didática na aplicação das atividades, sendo capaz de mostrar que não basta abrir um livro em sala de aula para que os alunos aprendam, mas sim a necessidade de ações baseadas na interação afetiva.
KLEIN (1996) afirma que:
“O objeto de conhecimento não existe fora das relações humanas. De fato, para chegar ao objeto é necessário que o sujeito entre em relação com outros sujeitos que estão, pela função social que lhe atribuem, constituindo esse objeto como tal”
O processo de aprendizagem ocorre em decorrência de interações sucessivas entre as pessoas, a partir de uma relação vincular. É, portanto, através do relacionamento estabelecido com o professor que o aluno adquirirá, novas formas de pensar e agir e, dessa forma construir novos conhecimentos. E na interação com o meio social, por meio da mediação, que acontecerá a apropriação do conhecimento. Neste caso fazendo do ensino matemático algo mais significativo e claro.
De acordo com ANTUNES (1996):
“Os professores precisam estar comprometidos com mudanças em suas idéias e posturas tradicionais, as quais trazem ranços de práticas escolares que apenas depositam informações nos alunos, desconsiderando a afetividade no processo ensino-aprendizagem”.
O professor deverá considerar o aluno como um ser pensante, capaz de refletir sobre as coisas, criar, inovar e ser autônomo na realização das atividades propostas, oferecendo suporte para que seu trabalho vá além do esperado. Mas para isso, é necessário uma mediação adequada para que ocorra uma aprendizagem significativa.

MÉTODO
Para a realização dos estudos, a abordagem metodológica utilizada foi a pesquisa qualiquantitativa. Para a coleta de dados foram utilizados questionários constituídos de um conjunto de questões fechadas e abertas. A pesquisa foi realizada com ex-alunos e professores de instituições das redes públicas e particular do município de São Paulo. O estudo iniciou-se em agosto de 2009, com a definição do projeto em outubro de 2010. No mês de agosto de 2009 realizou-se a coleta, a análise e a discussão sobre os dados.
Foram escolhidos numa amostra de conveniência, dez professores e dez ex-alunos do Ensino Fundamental I, de uma Escola Particular e uma Escola Pública, da cidade de São Paulo. Os professores têm idade mínima de 19 anos e máxima de 50 anos, sendo 100% do sexo feminino. Apresentam como título acadêmico o superior completo. Os professores e ex-alunos foram convidados espontaneamente a participarem da pesquisa. Entre eles, 60% estudaram em Escola Particular, 40% em Escola Pública.
Com relação ao tempo de trabalho, 20% dos professores lecionam há um ano, 40% há três anos e 40% a mais de cinco anos. Entre os entrevistados, estão professores do Ensino Fundamental I, como também do Ensino Fundamental II na matéria específica de matemática. Foi aplicado um questionário composto de dez questões, para os professores, sendo oito perguntas fechadas e duas abertas. Nas questões, foram analisados o conhecimento e as formas de afetividade vivenciadas em sala de aula.
Dos alunos, a idade mínima foi de 19 anos e máxima de 50 anos, sendo 40% do sexo masculino e 60% do sexo feminino. Como já foram explicitados acima, os entrevistados foram escolhidos espontaneamente para a entrevista. Entre os ex-alunos 20% estudaram em Escola Municipal, 40% em Escola Estadual, 10% em Escola Particular e 30% estudaram em mais de duas redes de ensino. Para os ex- alunos foram aplicados um questionário composto de cinco perguntas fechadas e uma aberta.
Os resultados foram analisados e organizados de acordo com as informações obtidas por meio da bibliografia consultada e da análise estatística das informações analisadas dos questionários. A interpretação final desses dados aconteceu combinando-se a consulta a literatura especializada, com as percepções e ideais esperados pelo pesquisador no estudo do material coletado. Os resultados tem por base as contribuições dos sujeitos em questão.
Discussão dos resultados
Gráfico 1- Interesse pela matemática na opinião dos ex-alunos.

Dos ex-alunos entrevistados 60% demonstraram interesse pela matemática e 40% deixaram claro não se interessar pela matéria. Os alunos que gostam de matemática afirmaram que aprenderam a gostar dos conteúdos, devido à experiência vivida em sala de aula. Dizem que a relação com o professor era  boa. Entretanto, 40% afirmaram não gostar de matemática por ter vivenciado uma relação ruim em algum momento dos estudos.
Os processos de aprendizagem ocorrem em decorrência de interações sucessivas entre as pessoas, a partir de uma relação vincular. É através do outro que o indivíduo adquire novas formas de pensar e agir construindo novos conhecimentos. Porém dependerá da postura do professor que terá como responsabilidade o despertar ou não o interesse pelo aprendizado. No olhar de WALLON (1968): “O vínculo afetivo estabelecido entre professor e aluno sustenta todo o processo de aprendizagem, tornando-se fundamental durante toda a vida escolar”. Fica evidente que é a postura do educador que marcará de forma positiva ou negativa a vida estudantil dos indivíduos.
Gráfico 2- Características marcantes do professor na opinião dos ex-alunos.

Dos ex- alunos entrevistados todos afirmaram que alguma característica do professor marcou sua vida acadêmica. Entre eles, 50% disseram que a característica que marcou foi à atenção dispensada a eles no momento da aprendizagem, 20% apontam que a impaciência foi uma característica marcante, porém negativa, admitindo que deixaram de se interessar por tudo que diz respeito a conteúdos matemáticos. Ainda, 10% responderam que a criatividade chamou a atenção, 10% a alegria em sala de aula e 10% a inteligência observada no professor.
Nesse sentido TASSONI (2005, p.3) afirma que:
“A relação professor-aluno é algo que precisa ser desenvolvida de maneira afetiva. O Aluno precisa ver no professor um exemplo a ser seguido, por meio de sua forma de agir e de falar. Um bom convívio na sala de aula promoverá no aluno o interesse pelo aprendizado”.
A postura do educador é marcante para que a aula se torne interessante e agradável. No entanto, se o professor der demonstrações de impaciência, por exemplo, poderá tornar a matemática assustadora aos alunos.
Gráfico 3- O relacionamento afetivo ajuda a aprendizagem

Quando os alunos foram questionados sobre a o relacionamento afetivo para um aprender melhor, 93% concordaram que um bom relacionamento afetivo auxilia no aprendizado enquanto apenas 7 % não fazem associação da afetividade com o ensino.
Segundo CHALITA (2004, p.230):
“o grande pilar da educação é a habilidade emocional. Não é possível desenvolver a habilidade cognitiva e a social sem que a emoção seja trabalhada na sala de aula, o professor tem que ter cuidado na hora de elaborar seu planejamento, para não negligenciar esse assunto da emoção”.
O professor deve buscar continuamente aperfeiçoar seu trabalho por meio do estudo, palestras, cursos, entre outros, mas, além disso, considerar a afetividade como foco central de seu trabalho.

Segundo GALVÃO (1999):
Wallon vê o desenvolvimento da pessoa como uma construção progressiva em que se sucedem fases com predominância alternadamente afetiva e cognitiva. Cada fase tem um colorido próprio, uma unidade solidária que é dada pelo predomínio de um tipo de atividade.
Sendo assim, quando desenvolvemos uma boa relação 60% dos alunos prestam mais atenção na aula, 10% consegue visualizar melhor as dificuldades dos alunos, 20% respeitam mais o professor e 10% desenvolvem melhor a inteligência.
Dos Professores
Gráfico 4- Gosta de trabalhar como professor

No que tange ao gosto dos professores pelo ato de ensinar, 95% afirmaram gostar de atuar em sala de aula como professor, 5% não tem aptidão para o ensino. É uma minoria os que não gostam da profissão, porém merece grande atenção e preocupação, pois estes professores, com certeza, não desenvolverão relacionamentos afetivos, prejudicando o ensino e, consequentemente, os alunos. A afetividade está diretamente ligada à emoção, pois consegue determinar o modo com que os indivíduos visualizam o mundo e a forma com que se manifestam dentro dele.
De acordo com PEARSALL (2004):
“O trabalho que envolve o coração é aquele que nos proporciona muita gratidão, tempo e ternura. Já o trabalho realizado com o cérebro provoca irritação, tensão e fadiga”.
Por isso, acredita-se que tanto no trabalho dos professores como em outros tipos de trabalho, deve ser envolvido mais do que seus atributos cognitivos. Precisa ser utilizado o coração, ou seja, o professor deve ser guiado pela emoção para que o trabalho se torne feliz e produtivo. Assim, de acordo com a porcentagem do gráfico acima acredita-se  que a grande maioria dos professores vem utilizando mais do que cálculos por si só para o ensino com sucesso, vem utilizando fatores emocionais e, assim, sentem-se bem no ambiente de trabalho.
Gráfico 5- Como é a turma com relação à aprendizagem
 
Nesta questão, 60% dos alunos possuem um desempenho ótimo, enquanto 40% um bom desempenho. Percebe-se que os alunos, em sua maioria, têm tido uma mediação adequada, demonstrando desempenho satisfatório nas atividades escolares.
PINO (1997) afirma que:
“Embora a atividade de conhecer pressuponha a existência no sujeito de determinadas propriedades que o habilitam a captar as características dos objetos, há fortes razões para pensar que o ato de conhecer não é obra exclusiva nem do sujeito, nem do objeto, nem mesmo da sua interação [direta], mas da ação do elemento mediador, sem o qual não existe nem sujeito nem objeto de conhecimento”.
Para a apropriação do conhecimento é necessário a mediação do outro em específico do educador seguindo o objeto de estudo deste artigo.
Gráfico 6- Relacionamento entre professores e pais
 
Quando os professores são questionados sobre como é seu relacionamento com os pais, 60% afirmam que são próximos um do outro enquanto que 40% afirmam que a relação entre ambos é distante.
Conforme WHITE (2008):
“Se os pais desempenharem fielmente sua parte, a obra do professor será grandemente aliviada. Os professores no lar e os professores na escola devem ter entre si uma compreensão cheia de simpatia para com o trabalho mútuo. Devem trabalhar juntos em harmonia”
A relação entre professor e pais ainda têm muito a ser conquistada com a iniciativa da instituição escolar, dos professores e dos pais. O importante é que todos se unam para juntos conquistar o objetivo que é desenvolver cidadãos interessados em conhecer, aprender e questionar, não só conhecimentos matemáticos. Sabemos, com certeza, que a ligação entre a escola e a comunidade promoverá maiores chances do sucesso em todas as áreas do conhecimento humano.
Gráfico 7- Possui bom relacionamento de amizade com os alunos

Dos professores entrevistados, 60% têm bom relacionamento com os alunos e 40% não possuem bom relacionamento. A maioria mantêm um relacionamento de amizade satisfatório com os alunos, e acreditam que esse é o fator determinante para o sucesso da aprendizagem. Segundo FERNANDEZ (1991): “... não aprendemos de qualquer um, aprendemos daquele a quem outorgamos confiança e direito de ensinar”
Essa confiança destacada na citação acima acontece devido à relação de amizade entre aluno e professor, gerando confiança. A minoria que não possui amizade com seus educandos, provavelmente não está alcançando a confiança dos alunos e, consequentemente, interferindo para uma boa aprendizagem.
Gráfico 8 - O relacionamento afetivo entre professor-aluno melhora a aprendizagem

Referente à opinião sobre o relacionamento afetivo na melhoria da aprendizagem, 98% responderam “sim” ao serem indagados sobre a relevância da afetividade, enquanto 2% responderam “não”, descartando acreditarem ser a afetividade facilitadora da aprendizagem. Nesse contexto, LEITE e TASSONI (2006) afirmam que: “A preocupação que se tinha com “o que ensinar” começa a ser dividido com o “como ensinar”, Os professores, em grande número, estão percebendo que é por meio da afetividade dentro de sala de aula e o tratamento que eles dão aos alunos que determinarão o bom rendimento  em sala de aula.
Em suas justificativas, citam que:
 
De acordo com TAILLE, DANTAS E OLIVEIRA, 1992; GALVÃO 2003:
A Afetividade e a inteligência constituem um par inseparável na evolução psíquica, pois embora tenham funções bem definidas e diferenciadas entre si, são interdependentes em seu desenvolvimento, permitindo á criança atingir níveis de evolução cada vez maiores.
Todos os entrevistados relataram algum fator satisfatório resultante da boa relação entre alunos e professores, 50% disseram que ao se relacionarem bem o aluno aproxima-se da matéria em questão, 20% afirmaram que há mais colaboração em sala de aula, 20% disseram que se percebe mais interesse pelos conteúdos matemáticos e 10% afirmaram desenvolver mais confiança no docente.

Segundo GOLEMAN (1997):
“ao desenvolver o conceito de inteligência emocional salienta que aprendemos sempre melhor quando se trata de assuntos que nos interessam e nos quais temos prazer.
Gráfico 9- Que sugestões você daria para melhorar a afetividade no relacionamento professor- aluno?

Entre os entrevistados, 50% indicaram como melhoria na afetividade entre professor e aluno o respeito entre ambos, 30% o diálogo, 10% a atenção e 10% a confiança. Porém, caberá ao educador identificar as necessidades de seus alunos. Segundo DANTAS (1993): “é impossível alimentar afetivamente à distância”.
É por meio da aproximação do educador que será possível a identificação das dificuldades e anseios dos alunos, sendo possível suprir cada uma das necessidades evidenciadas.
Considerações FinaisO comportamento do professor, em sala de aula, expressa suas intenções, crenças, valores, sentimentos e desejos que afetam cada aluno individualmente. Através dos comentários dos ex- alunos, foi possível obter uma amostra de como vêem, sentem e compreendem alguns aspectos do comportamento dos professores e a influência destes na aprendizagem.
Por meio desse estudo, percebeu-se que a afetividade entre o professor e o aluno facilita o aprendizado de matemática. “Quem separa desde o começo o pensamento do afeto fecha para sempre a possibilidade de explicar as causas do pensamento” VYGOTSKY (1993). Dessa forma, o professor que não consegue perceber a ligação entre pensamento e afetividade, estará muito longe de alcançar o sucesso.
Os alunos entrevistados sentem-se mais seguros e a vontade com docentes que possuem por eles afetividade. Estes alunos empenham-se mais na disciplina, prestam mais atenção e colaboram mais com as aulas. Os professores que não possuem essa consciência farão da aprendizagem um fracasso.
BZUNECK (2001):
“assinala que o processo de ensino aprendizagem pode ser afetado por uma gama ampla e complexa de fatores que pode resultar num panorama de fracassos e frustrações para professores e alunos. O autor destaca a necessidade de se considerar os estados afetivos e motivacionais”.
Podemos dizer, que ao conseguir se relacionarem entre si, alunos e professores estarão mais dispostos a ensinar e aprender. Os alunos estarão abertos ao auxílio dispensados pelos professores com os quais mantém mais amizade, facilitando maior interação, assim o aluno conseguirá expor suas dúvidas, dificuldades e anseios em relação à matéria. E os professores conseguirão desenvolver melhor seu trabalho.
Os dados apresentados parecem confirmar que existiu um refinamento nas trocas afetivas. Foi comum encontrar nos depoimentos, tanto de alunos como das professoras, referências ao respeito, à colaboração, à valorização de cada um e o desejo de compreender o outro. Assim, quanto melhores forem as condições de se cultivarem sentimentos como estes, mais consistentes e profundos serão os relacionamentos, promovendo uma aprendizagem significativa.
Analisando essa pesquisa, percebeu-se o quanto é importante tanto para os alunos como também para os professores, a manifestação de afetividade dentro de sala de aula, possibilitando assim um ambiente mais saudável e propício á aprendizagem de matemática.
Bibliografia
Referências Bibliográficas
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