Dinâmica: Antes de trabalhar esse texto, poderá ser aplicada a Dinâmica do Espelho. Que consiste em distribuir espelhos para os participantes e pedir que por um momento analisem sua imagem e se questionem sobre qual a imagem eles transmitem para a sociedade (amigos, família, escola etc.) – positiva ou negativa. Boas ações, comportamento etc. Após um momento de discussão, introduzir o seguinte texto.
O caso do Espelho
Era um homem que não sabia quase nada. Morava longe, numa casinha de
sapé esquecida nos cafundós da mata. Um dia, precisando ir à cidade,
passou em frente a uma loja e viu um espelho pendurado do lado de fora.
O homem abriu a boca. Apertou os olhos. Depois gritou, com o espelho
nas mãos: - Mas o que é que o retrato de meu pai está fazendo aqui?
- Isso é um espelho - explicou o dono da loja.
- Não sei se é espelho ou se não é, só sei que é o retrato do meu pai.
Os olhos do homem ficaram molhados.
- O senhor... conheceu meu pai? - perguntou ele ao comerciante.
O dono da loja sorriu. Explicou de novo. Aquilo era só um espelho comum, desses de vidro e moldura de madeira.
- É não! - respondeu o outro. - Isso é o retrato do meu pai. É ele sim!
Olha o rosto dele. Olha a testa. E o cabelo? E o nariz? E aquele
sorriso meio sem jeito?
O homem quis saber o preço. O comerciante sacudiu os ombros e vendeu o
espelho, baratinho. Naquele dia, o homem que não sabia quase nada
entrou em casa todo contente. Guardou, cuidadoso, o espelho embrulhado
na gaveta da penteadeira. A mulher ficou só olhando.
No outro dia, esperou o marido sair para trabalhar e correu para o
quarto. Abrindo a gaveta da penteadeira, desembrulhou o espelho, olhou
e deu um passo atrás. Fez o sinal da cruz tapando a boca com as mãos.
Em seguida, guardou o espelho na gaveta e saiu chorando.
- Ah, meu Deus! — gritava ela desnorteada. - É o retrato de outra
mulher! Meu marido não gosta mais de mim! A outra é linda demais! Que
olhos bonitos! Que cabeleira solta! Que pele macia! A diaba é mil vezes
mais bonita e mais moça do que eu!
- Quando o homem voltou, no fim do dia, achou a casa toda desarrumada.
A mulher, chorando sentada no chão, não tinha feito nem a comida.
- Que foi isso, mulher?
- Ah, seu traidor de uma figa! Quem é aquela jararaca lá no retrato?
- Que retrato? - perguntou o marido, surpreso.
- Aquele mesmo que você escondeu na gaveta da penteadeira!
O homem não estava entendendo nada.
- Mas aquilo é o retrato do meu pai!
Indignada, a mulher colocou as mãos no peito: - Cachorro sem-vergonha,
miserável! Pensa que eu não sei a diferença entre um velho lazarento e
uma jabiraca safada e horrorosa?
A discussão fervia feito água na chaleira.
- Velho lazarento coisa nenhuma! - gritou o homem, ofendido.
A mãe da moça morava perto, escutou a gritaria e veio ver o que estava
acontecendo. Encontrou a filha chorando feito criança que se perdeu e
não consegue mais voltar pra casa.
- Que é isso, menina?
- Aquele cafajeste arranjou outra!
- Ela ficou maluca - berrou o homem, de cara amarrada.
- Ontem eu vi ele escondendo um pacote na gaveta lá do quarto, mãe!
Hoje, depois que ele saiu, fui ver o que era. Tá lá! É o retrato de
outra mulher!
A boa senhora resolveu, ela mesma, verificar o tal retrato. Entrando no
quarto, abriu a gaveta, desembrulhou o pacote e espiou. Arregalou os
olhos. Olhou de novo. Soltou uma sonora gargalhada.
- Só se for o retrato da bisavó dele! A tal fulana é a coisa mais
enrugada, feia, velha, cacarenta, murcha, arruinada, desengonçada,
capenga, careca, caduca, torta e desdentada que eu já vi até hoje!
E completou, feliz, abraçando a filha: - Fica tranqüila. A bruaca do retrato já está com os dois pés na cova!
(Versão de conto popular de origem chinesa, por Ricardo Azevedo).
fonte: http://bllogdolivro.blogspot.com.br/2012/07/generos-textuais.html
fonte: http://bllogdolivro.blogspot.com.br/2012/07/generos-textuais.html
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