sábado, 3 de novembro de 2012

PRÁTICAS INCLUSIVAS NA EDUCAÇÃO ESPECIAL PARA ALUNOS COM NECESSIDADES

 
São realizadas atividades que desenvolvam a criança como um todo, de acordo com seu nível etário, procurando privilegiar a área da comunicação, uma vez que a mesma está sempre presente de alguma forma e muitas vezes é a mais deficitária.                              
O trabalho do professor, o tempo inteiro, é fundamental na aquisição e desenvolvimento das crianças com necessidades educacionais especiais.
Todos os conceitos são aprendidos através da comunicação, em contextos naturais e em situações de aprendizagens mais formais.
O trabalho realizado em nível de comunicação desenvolve-se a partir de vivências das crianças em relatos que, inicialmente, nos chegam através da família (por contatos diretos ou até por registros escritos e também em alguns casos quando a criança já nos consegue contar).
É utilizado um quadro de horários com as aulas da semana, onde temos:
• Linguagem Oral e Escrita;
• Identidade e Autonomia;
• Matemática;
• Desenvolvimento de Habilidades Manuais;
• Biblioteca;
• Brinquedoteca;
• Movimento;
• Recreação;
• Atividades da Vida Diária;
• Atividades da Vida Prática.
Este quadro ajuda a organizar o funcionamento da sala, sempre que é falado ou mostrado as aulas do dia para a criança, faz com que ela participe e construa a consciência do tempo a partir das vivencias e ritmos, a regular comportamentos, à iniciação da leitura global, à descoberta da matemática.
Também é iniciada a aprendizagem da matemática, de forma mais formalizada, através de jogos individuais e de grupo, da exploração de materiais manipuláveis, da descoberta do número e de iniciação às operações, utilizando sempre a melhor (mais fácil) comunicação para o aluno.
Todas as aprendizagens passam por situações de concretização – palpáveis, visíveis, sentidas, dramatizadas – sempre de forma lúdica em que a descoberta é uma constante. Em simultânea, fazemos registros fotográficos de forma a realizar, em alguns casos, registros escritos e ilustrados, que ficam passíveis de utilizar em qualquer momento: para fazer comparações, consultar e recordar. Estes registros são um meio para desenvolver a comunicação, na sala, em grupos maiores e em casa. A partir destas vivências podemos despertar na criança o desejo de ler e escrever, uma vez que este é o meio de acesso a informação.
Muitas das salas faz uso de uma pasta de Comunicação Alternativa para cada aluno, onde ficam figuras de revistas, cada figura em uma folha e cada uma com seu nome escrito abaixo, nessa pasta há também foto do aluno e familiares. Este material é enriquecido a cada semana ou necessidade do aluno estando sempre acessível e ampliando seu vocabulário.    
Usamos também um programa para Windows chamado Boardmaker que ajuda na confecção de pranchas de comunicação, pois possui diversos caracteres ligados por temas e de acordo com a necessidade do aluno pode-se montar a prancha adequada. 
Há um Projeto de Adaptação que tem como objetivo adaptar conteúdos, atividades e materiais de acordo com as necessidades de cada aluno, para que possam sentir-se efetivamente incluídos e participarem ativamente das atividades desenvolvidas em sala de aula facilitando o seu processo de aprendizagem e dando maior independência aos mesmos. Além de toda a adaptação quanto aos conteúdos e materiais, faz-se necessário um entrosamento entre os docentes e coordenadores envolvidos no trabalho de inclusão dos alunos com dificuldade motora, sendo a professora da classe regular, a professora da sala de recurso e a professora do projeto de adaptação, onde todas devem estar atentas ao nível de desenvolvimento de cada aluno.
A adaptação dos conteúdos, atividades e materiais são previamente preparadas pela professora da classe regular e passadas para a professora do projeto, que os adapta e devolve para a professora regular, a fim de proporcionar aos alunos a oportunidade de desenvolverem habilidades e capacidades que os tornem capaz de progredir nos estudos.
Como diz Veiga - Neto (2005), o desafio é por uma boa escola para todos, o que afirma a luta não só por igualdade entre os alunos especiais e os demais como também pelas diferenças, o que implica a inclusão das múltiplas necessidades de cada um. Se for fundamental certo pragmatismo nos embates por direitos iguais, evidencia o autor, não é menos importante a ampliação dos espaços polêmicos em torno dos modos de funcionamento da escola frente à sociedade que queremos construir. Beyer (2006) estabelece que uma prática pedagógica para qualquer aluno esteja atenta ao fato de que o acolhimento à diversidade passa pelo trabalho da diferença. Diferença, aqui, constitui-se no tensionamento produzido pela decalagem, a sincronia que modula as experiências nas situações que resistem à rotina, aos planejamentos, dando o que pensar aos implicados no curso da ação e que pode levar a transformações da inquietação vivenciada em indagação, em pesquisa que cria outros possíveis de trabalho (Rocha, 2006). Nesse sentido, a educação inclusiva pode constituir-se em dispositivo de atenção à vida e de mudanças mais efetivas nas práticas de um ensinar e aprender coletivo.

O percurso que até aqui realizamos é ainda um caminho em construção, persistente na procura de soluções mais eficazes e adequadas para a aprendizagem de cada aluno que transita da unidade para os seus projetos de vida.
Sabemos da importância que tem para o desenvolvimento do aluno com necessidades educacionais intelectuais, as práticas inclusivas, a aprendizagem e desenvolvimento da comunicação é sempre um desafio que nos inquieta, para o qual estaremos sempre em busca de solução.
Alguns até poderão aprender, num caminho longo e persistente, outros não, dependente também da vontade e possibilidade de cada um.
A oportunidade que cada um dos nossos alunos com necessidades educacionais intelectuais, de adquirir e desenvolver a comunicação e a prática educativa tem implicações bem visíveis no seu percurso escolar e de vida. Uns seguem os seus sonhos e prosseguem os estudos frequentando a rede regular, outros se frustram com a ida querendo voltar, na possibilidade de estarem apenas na Educação Especial, outros ainda seguem-nos por não ter a condição de frequentar à rede regular. Mas outros perderam tempo de vida primeiro que lhes vedam agora o acesso a sonhos que também tem.
E é por todos eles que temos de continuar juntos à procura de respostas cada vez melhores.( Valéria Ferreira Telles) By Lully

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