É através do brincar que a criança se
encontra com o mundo de corpo e alma. Percebe como ele é e dele recebe
elementos importantes para a sua vida, desde os mais insignificantes hábitos,
até fatores determinantes da cultura de seu tempo.
A pergunta feita pelo professor: "- Vamos brincar? " ou
ainda: "- Vamos jogar?" pode surtir o mesmo efeito em seus alunos por se tratar, afinal, de duas palavras
com o mesmo significado, ou ele está propondo duas atividades, que por serem
distintas, podem dividir o grupo entre os que responderão: "eu prefiro
brincar" e os que dirão "eu prefiro jogar"?
Certamente encontraremos professores que utilizam as palavras jogo,
brinquedo e brincadeira como sinônimos. Outros, no entanto, marcam uma
diferença entre elas que remonta à sua própria história de vida.
Podemos pensar, portanto, que há pelo menos dois
aspectos implicados nessa questão. O primeiro diz respeito às palavras poderem
assumir diferentes significados desde a nossa infância, bem como ao longo da
fase adulta. Ou seja, antes mesmo da formação profissional e com ela possíveis
reflexões desde o ponto-de-vista de Piaget, Winnicott e outros, tais conceitos
já estavam marcados pelas vivências de cada um, desde o lugar de crianças que
nomeavam o seu brincar.
O segundo aspecto refere-se aos diferentes
significados que uma mesma palavra pode assumir ao longo dos tempos. Se
pegarmos um dicionário de 50 anos atrás certamente a acepção das palavras jogo,
brinquedo e brincadeira estarão impregnados de uma visão da época. Nos dias de
hoje, observamos que há uma clara diferença entre jogo e brinquedo e entre
brincadeira e brinquedo. No entanto, tanto jogo e brincadeira, podem ser
sinônimos de divertimento. Vejamos como esses termos são definidos no dicionário
Larousse:
"Jogo = Ação de jogar; folguedo, brinco,
divertimento". Seguem-se alguns exemplos: "jogo de futebol; Jogos
Olímpicos; jogo de damas; jogos de azar; jogo de palavras; jogo de
empurra".
"Brinquedo = objeto destinado a divertir uma
criança".
"Brincadeira = ação de brincar, divertimento.
/ Gracejo, zombaria. / Festinha entre amigos ou parentes. / Qualquer coisa que
se faz por imprudência ou leviandade e que custa mais do que se esperava:
aquela brincadeira custou-me caro".
A ambigüidade entre os termos se consolida com o
uso que as pessoas fazem dela. A primeira e talvez mais forte imagem que vem à
mente a quase todos, quando se fala em jogo, consiste em duas pessoas sentadas
jogando (xadrez, cartas, damas, etc.). Ou seja, dentro dessa idéia não há
movimento. No entanto, o jogo por si só, se constitui em ação e, assim,
associado ao movimento.
É claro, porém que, além das diferenças, esses
conceitos também possuem pontos em comum. Um deles é o de que tanto o jogo
quanto a brincadeira são culturais. É difícil encontrarmos exemplos de um jogo
ou uma brincadeira que sendo originário de uma cultura, tenha sido assimilado
por outra. Não fosse assim, de tanto assistirmos filmes norte-americanos e
convivermos com pessoas que viajam constantemente aos Estados Unidos trazendo
"novidades" de lá, nós já estaríamos hoje jogando beisebol, e nossas
crianças estariam brincando de "doces ou travessuras" na noite de
Halloween.
Revisão Conceitual
Frente a estes distintos paradigmas nos propomos a
contribuir com algumas reflexões sobre o assunto e, paralelamente, realizar uma
revisão conceitual quanto ao jogo, a brincadeira e o brinquedo, na visão de
Benjamin, Didonet, Froebel, Piaget, Vygotsky e Winnicott.
Benjamin.
Benjamin fez algumas reflexões importantes sobre o lúdico, considerando o seu aspecto cultural. Brinquedo e brincar, para ele, estão associados, e documentam como o adulto se coloca em relação ao mundo da criança.
Benjamin fez algumas reflexões importantes sobre o lúdico, considerando o seu aspecto cultural. Brinquedo e brincar, para ele, estão associados, e documentam como o adulto se coloca em relação ao mundo da criança.
Os estudos de Benjamin mostraram como, desde as
origens, o brinquedo sempre foi um objeto criado pelo adulto para a criança.
Segundo Benjamin, acreditava-se erroneamente que o
conteúdo imaginário do brinquedo é que determinava as brincadeiras infantis,
quando na verdade quem faz isso é a criança. Por esta razão, quanto mais
atraentes forem os brinquedos, mais distantes estarão do seu valor como
instrumentos do brincar.
É através do brincar que a criança se encontra com
o mundo de corpo e alma. Percebe como ele é e dele recebe elementos importantes
para a sua vida, desde os mais insignificantes hábitos, até fatores
determinantes da cultura de seu tempo.
Também é através do brincar que a criança vê e
constrói o mundo, expressa aquilo que tem dificuldade de colocar em palavras.
Sua escolha é motivada por processos e desejos íntimos, pelos seus problemas e
ansiedades. É brincando que a criança aprende que, quando se perde no jogo, o
mundo não se acaba.
Didonet
Didonet afirma que todas as culturas, desde as mais
remotas eras, produziram e utilizaram brinquedos. A boneca e a bola são dos
mais antigos que se tem notícia e mais difundidos em todas as culturas. Em
túmulos egípcios de 4 a 5 mil anos atrás foram encontradas bonecas. Nas
civilizações andinas, as crianças eram enterradas com elas.
O interesse pelo estudo do brinquedo também é muito
antigo. E isso talvez decorra do fato de que o brinquedo e o jogo façam parte
tão intrínseca da vida infantil e juvenil. Entender seu significado é um
caminho muito útil, senão mesmo necessário, para conhecer a própria criança e
seu processo de desenvolvimento. O brinquedo foi objeto de consideração de
filósofos, psicólogos, psicanalistas, teólogos, antropólogos, médicos,
terapeutas, educadores e pais, portanto, nos mais diversos campos das ciências
e das práticas sociais.
O brincar é algo tão espontâneo, tão natural, tão
próprio da criança, que não haveria como entender sua vida sem brinquedo. É
preciso ressaltar, no entanto, que não é apenas uma atividade natural. É,
sobretudo, uma atividade social e cultural. Desde o começo, o brinquedo é uma
forma de relacionar-se, de estar com, de encontrar o mundo físico e social.
Para Vital Didonet:
"É uma verdade que o brinquedo é apenas o
suporte do jogo, do brincar, e que é possível brincar com a imaginação. Mas é
verdade, também, que sem brinquedo é muito mais difícil realizar a atividade
lúdica, porque é ele que permite simular situações (...). Se criança gosta de
brincar, gosta também de brinquedo. Porque as duas coisas estão intrinsecamente
ligadas".
Didonet salienta que é necessário passar as
informações e conhecimentos sobre a importância do brinquedo para a criança e o
significado para o seu desenvolvimento afetivo, social, cognitivo e físico.
Froebel, [in Kishimoto, 98]
Entendendo que Froebel é uma figura significativa
no contexto educativo, porque traz uma importante contribuição quanto ao papel
do jogo, acreditamos que suas idéias sejam fundamentais no sentido de confrontá-las
com as demais. No entanto, em virtude da dificuldade de encontrar material a
seu respeito, consideramos adequado o referencial de Kishimoto, já que a mesma
faz uma relevante abordagem sobre Froebel.
"Embora não tenha sido o primeiro a analisar o
valor educativo do jogo, Froebel foi o primeiro a colocá-lo como parte
essencial do trabalho pedagógico, ao criar o jardim de infância com uso dos
jogos e brinquedos.
A partir de sua filosofia educacional baseada no
uso dos jogos infantis, Froebel delineia a metodologia dos dons e ocupações,
dos brinquedos e jogos, propondo:1 dons, materiais como bola, cubo, varetas,
anéis etc., que permitem a realização de atividades denominadas ocupações, sob
a orientação da jardineira, e 2 brinquedos e jogos, atividades simbólicas,
livres, acompanhadas de músicas e movimentos corporais, destinadas a liberar a
criança para a expressão das relações que estabelece sobre objetos e situações
do seu cotidiano. “Os brinquedos são atividades imitativas livres, e os jogos,
atividades livres com o emprego dos dons”.
"Brincar é a fase mais importante da infância
- do desenvolvimento humano neste período - por ser a auto-ativa representação
do interno - a representação de necessidades e impulsos internos. (Froebel,
1912c, pp. 54-55)
... A brincadeira é a atividade espiritual mais
pura do homem neste estágio e, ao mesmo tempo, típica da vida humana enquanto
um todo - da vida natural interna no homem e de todas as coisas. Ela dá
alegria, liberdade, contentamento, descanso externo e interno, paz com o
mundo... A criança que brinca sempre, com determinação auto-ativa,
perseverando, esquecendo sua fadiga física, pode certamente tornar-se um homem
determinado, capaz de auto-sacrifício para a promoção do seu bem e de outros...
Como sempre indicamos o brincar em qualquer tempo não é trivial, é altamente
sério e de profunda significação. (Froebel, 1912c, p. 55)
Embora a justificando por uma teoria metafísica e
valendo-se do pressuposto romântico que a concebe como atividade inata da
criança, Froebel postula a brincadeira como ação metafórica, livre e espontânea
da criança. Apontam, no brincar, características como atividade representativa,
prazer, autodeterminação, valorização do processo de brincar, seriedade do
brincar, expressão de necessidades e tendências internas aproximando-se de
autores conhecidos como Henriot (1893, 1989), Brougère (1995), Vygotsky (1987,
1988, 1982), Piaget (1977, 1978) e tantos outros. “Para Froebel, a brincadeira
é importante para o desenvolvimento da criança, especialmente nos primeiros
anos”.
Piaget
Piaget estrutura o jogo em três categorias: o jogo
de exercício - onde o objetivo é exercitar a função em si -, o jogo simbólico -
onde o indivíduo se coloca independente das características do objeto,
funcionando em esquema de assimilação, e o jogo de regra, no qual está
implícita uma relação inter individual que exige a resignação por parte do
sujeito. Piaget cita ainda uma quarta modalidade, que é o jogo de construção,
em que a criança cria algo. Esta última situa-se a meio caminho entre o jogo e
o trabalho, pelo compromisso com as características do objeto. Tais modalidades
não se sucedem simplesmente acompanhando as etapas das estruturas cognitivas,
pois, tanto o bebê pode fazer um jogo de exercício, como também uma criança
poderá fazer sucessivas perguntas só pelo prazer de perguntar.
Para ele, a origem do jogo está na imitação que
surge da preparação reflexa. Imitar consiste em reproduzir um objeto na
presença do mesmo. É um processo de assimilação funcional, quando o exercício
ocorre pelo simples prazer. A essa modalidade especial de jogo, Piaget
denominou de jogo de exercício. Em suas pesquisas ele mostra que a imitação passa
por várias etapas até que, com o passar do tempo, a criança é capaz de
representar um objeto na ausência do mesmo. Quando isso acontece, significa que
há uma evocação simbólica de realidades ausentes. É uma ligação entre a imagem
(significante) e o conceito (significado), capaz de originar o jogo simbólico,
também chamado de faz-de-conta.
Para Piaget, o símbolo nada mais é do que um meio
de agregar o real aos desejos e interesses da criança.
Paulatinamente, o jogo simbólico vai cedendo lugar
ao jogo de regras, porque a criança passa do exercício simples às combinações
sem finalidade e depois com finalidade. Esse exercício vai se tornando
coletivo, tendendo a evoluir para o aparecimento de regras que constituem a
base do contrato moral.
As regras pressupõem relações sociais ou
interpessoais. Elas substituem o símbolo, enquadrando o exercício nas relações
sociais. As regras são, para Piaget, a prova concreta do desenvolvimento da
criança.
Vygotsky
O brinquedo cria uma zona de desenvolvimento
proximal (capacidade que a criança possui), pois na brincadeira a criança
comporta-se num nível que ultrapassa o que está habituada a fazer, funcionando
como se fosse maior do que é.
O jogo traz oportunidade para o preenchimento de
necessidades irrealizáveis e também a possibilidade para exercitar-se no
domínio do simbolismo. Quando a criança é pequena, o jogo é o objeto que
determina sua ação.
Na medida em que cresce, a criança impõe ao objeto
um significado. O exercício do simbolismo ocorre justamente quando o
significado fica em primeiro plano.
Do ponto de desenvolvimento da criança, a
brincadeira traz vantagens sociais, cognitivas e afetivas.
Ainda, segundo esse autor, a brincadeira possui
três características: a imaginação, a imitação e a regra. Elas estão presentes
em todos os tipos de brincadeiras infantis, tanto nas tradicionais, naquelas de
faz-de-conta, como ainda nas que exigem regras. Pode aparecer também no
desenho, como atividade lúdica.
Do ponto de vista psicológico, Vygotsky atribui ao
brinquedo um papel importante, aquele de preencher uma atividade básica da
criança, ou seja, ele é um motivo para a ação.
Segundo o autor, a criança pequena, por exemplo,
tem uma necessidade muito grande de satisfazer os seus desejos imediatamente.
Quanto mais jovem é a criança, menor será o espaço entre o desejo e sua
satisfação. No pré-escolar há uma grande quantidade de tendências e desejos não
possíveis de ser realizados imediatamente, e é nesse momento que os brinquedos
são inventados, justamente para que a criança possa experimentar tendências
irrealizáveis.
A impossibilidade de realização imediata dos
desejos cria tensão, e a criança se envolve com o ilusório e o imaginário, onde
seus desejos podem ser realizados. É o mundo dos brinquedos.
Segundo Vygotsky, a imaginação é um processo novo
para a criança, pois constitui uma característica típica da atividade humana
consciente. É certo, porém, que a imaginação surge da ação, e é a primeira
manifestação da emancipação da criança em relação às restrições situacionais.
Isso não significa necessariamente que todos os desejos não satisfeitos dão
origem aos brinquedos.
Winnicott
Para Winnicott, a brincadeira é universal e própria
da saúde: o brincar facilita o crescimento e, portanto, a saúde. O brincar
conduz aos relacionamentos grupais, podendo ser uma forma de comunicação na
psicoterapia. Portanto, a brincadeira traz a oportunidade para o exercício da
simbolização e é também uma característica humana.
Conforme Outeiral (1998)[7], o trabalho de
Winnicott: "Por que brincam as crianças?" (1942), apresenta algumas
motivações da atividade lúdica: para buscar prazer, para expressar agressão,
para controlar a ansiedade, para estabelecer contatos sociais, para realizar a
integração da personalidade e, por fim, para comunicar-se com as pessoas.
Sua contribuição mais original ao tema, entretanto,
é o desenvolvimento dos aspectos dos objetos transicionais e fenômenos transicionais
(1951, 1971), para descrever a experiência de viver em uma área de transição da
experiência, isto é, transição com respeito à realidade interna e externa.
Na obra "A Criança e seu Mundo" (1976),
Winnicott faz colocações fundamentais sobre a brincadeira. Dentre elas podemos
citar:
"As crianças têm prazer em todas as
experiências de brincadeira física e emocional (...)";
"(...) Deve-se aceitar a presença da
agressividade, na brincadeira da criança (...)";
"A angústia é sempre um fator na brincadeira
infantil e, freqüentemente, um fator dominante";
"(...) A brincadeira é a prova evidente e
constante da capacidade criadora, que quer dizer vivência".
"(...) As brincadeiras servem de elo entre,
por um lado, a relação do indivíduo com a realidade interior, e por outro lado,
a relação do indivíduo com a realidade externa ou compartilhada";
"Os adultos contribuem; neste ponto, pelo
reconhecimento do grande lugar que cabe à brincadeira e pelo ensino de
brincadeiras tradicionais, mas sem obstruir nem adulterar a iniciativa própria
da criança".
Considerando a Pergunta Inicial
As discussões feitas pelos pesquisadores que
procuram entender o ato de brincar da criança pequena, a partir das teorias
aqui presentes, vêm em auxílio dos profissionais que, atualmente, buscam
revisar seus conceitos acerca do que é brincar, para a criança, e como manter
esse jogo no cotidiano infantil.
Baseado em tais teorias, verificamos que, ao
brincar, a criança constrói conhecimento. E para isto uma das qualidades mais
importantes do jogo é a confiança que a criança tem, quanto à própria
capacidade de encontrar soluções. Confiante, pode chegar às suas próprias
conclusões de forma autônoma.
Assim, afirmamos que tanto o jogo quanto a
brincadeira como o brinquedo podem ser englobados em um universo maior, chamado
de ato de brincar. Não somos favoráveis a uma rigidez dos termos, pois se por
um lado a discussão sobre os mesmos pode ampliar a perspectiva lúdica de nossa
prática pedagógica, por outro pode seccioná-la em hora do jogo ou hora da
brincadeira.
Podemos observar que brincar não significa
simplesmente recrear-se, isto porque é a forma mais completa que a criança tem
de comunicar-se consigo mesma e com o mundo.
Nesse brincar está a verbalização, o pensamento, o
movimento, gerando canais de comunicação.
A presente idéia vem ao encontro de acreditarmos
que a linguagem cultural própria da criança é o lúdico. A criança comunica-se
através dele e por meio dele irá ser agente transformador, sendo o brincar um
aspecto fundamental para se chegar ao desenvolvimento integral da criança.
Portanto, o ato de brincar é importante, é
terapêutico, é prazeroso, e o prazer é ponto fundamental da essência do
equilíbrio humano. Logo, podemos dizer que a ludicidade é uma necessidade
interior, tanto da criança quanto do adulto. Por conseguinte a necessidade de
brincar é inerente ao desenvolvimento.
No brincar, quanto mais papéis a criança
representar, mais amplia sua expressividade, entendida como uma totalidade. A
partir do brincar ela constrói os conhecimentos através dos papéis que
representa, amplia ao mesmo tempo dois vocabulários - o lingüístico e o
psicomotor - além do ajustamento afetivo emocional que atinge na representação
desses papéis.
A criança brinca porque tem um papel, um lugar
específico na sociedade, e não apenas porque o faz-de-conta - como o brincar de
cavalo, em que a criança se utiliza do cabo de vassoura - parte da natureza de
tal criança. O jogo é a forma que as crianças encontram para representar o
contexto em que estão inseridas.
Além disso, o ato de brincar pode incorporar
valores morais e culturais em que as atividades lúdicas devem visar a
auto-imagem, a auto-estima, o auto conhecimento, a cooperação, porque estes
conduzem à imaginação, à fantasia, à criatividade, à criticidade e a uma porção
de vantagens que ajudam a moldar suas vidas, como crianças e como adultos. E
sem eles a criança não irá desenvolver suficientemente o processo de suas
habilidades.
O modo como ela brinca revela o mundo interior da
mesma, proporcionando o aprender fazendo, entendido aqui por aquelas ações
concreto da criança. O brincar de médico, por exemplo. Implica apropriar-se de
algumas características do ato da realidade. É a reprodução do meio em que a
criança está inserida.
Através do lúdico, a criança realiza aprendizagem
significativa. Assim, podemos afirmar que o jogo propõe à criança um mundo do
tamanho de sua compreensão, no qual ela experimenta várias situações, entre
elas o fazer comidinha, o limpar a casa, o cuidar dos filhos, etc.
O ato de brincar proporciona às crianças
relacionarem as coisas umas com as outras, e ao relacioná-las é que elas
constróem o conhecimento. Esse conhecimento é adquirido pela criação de
relações e não por exposição a fatos e conceitos isolados, e é justamente
através da atividade lúdica que a criança o faz.
O brincar é o meio de expressão e crescimento da
criança.
A criança sempre brinca, mas esse ato depende do
contexto em que está inserida, independente de época, classe social e outros
fatores.
Podemos considerar que, desde os primeiros anos da
infância, encontram-se processos criativos que se refletem sobretudo nos jogos.
É através deles que as crianças reelaboram, criativamente, combinando fatos
entre si e construindo novas realidades de acordo com seus gestos e
necessidades. Também nestes jogos aparece toda a experiência acumulada da
criança. Neles as lideranças são desenvolvidas, e aí ela aprende a obedecer e
respeitar regras e normas.
No brincar, ocorre um processo de troca, partilha,
confronto e negociação, gerando momentos de desequilíbrio e equilíbrio, e
propiciando novas conquistas individuais e coletivas. Constatamos, então, que a
ação de brincar é fonte de prazer e ao mesmo tempo, de conhecimento.
Acreditamos, assim, que a criança vai construindo
seu conhecimento do mundo de modo lúdico, transformando o real com os recursos
da fantasia e da imaginação. Tem a chance de dar vazão a uma afetividade que,
freqüentemente, é tolhida na difícil luta pela sobrevivência enfrentada
dia-a-dia por seus pais.
A criança que brinca, precisa ser respeitada, pois
seu mundo é mutante, e está em permanente oscilação entre fantasia e realidade.
Precisa tanto de brinquedos como de espaço, o suficiente para que se sinta à
vontade e dona do mesmo.
É através da atividade lúdica que a criança
prepara-se para a vida, assimilando a cultura do meio em que vive, a ele se
integrando, adaptando-se às condições que o mundo lhe oferece e aprendendo a competir
cooperar com seus semelhantes, e conviver como um ser social.
Em síntese, além de proporcionar prazer e diversão,
o jogo pode representar um desafio e provocar o pensamento reflexivo da
criança.
A finalidade deste trabalho consistiu em propor uma
mudança conceitual para as práticas cotidianas de jogo com crianças em idade
infantil.
Com base nas idéias de Benjamin, Didonet, Froebel,
Piaget, Vygotsky e Winnicott, buscamos levantar algumas questões que provoquem
reflexões nos profissionais que atuam nesta área, de forma a repensar a sua
práxis.(Janice Bertoldo, Maria de Moura Ruschel) By Lully.
Nenhum comentário:
Postar um comentário