A concepção de deficiência intelectual, historicamente,
vem recebendo diferentes conceitos, terminologias e classificações que
foram se modificando e atualizando de acordo com os avanços científicos
e educacionais.
Na literatura acadêmica, há várias discussões e estudos
para se conceituar a deficiência intelectual, porém as especificidades
e diferenças impostas no processo de desenvolvimento e aprendizagem das
pessoas que apresentam essa deficiência não permitem uma definição
única que aborde todos os seus aspectos.
Nos registros de diversos conceitos construídos, ao longo do tempo,
atrelado aos interesses econômicos e ideológicos (sociais, religiosos e
políticos) de cada época; o fato aglutinador dessa evolução histórica e
conceitual está demarcado pela atribuição de ‘incapacidade’ e
‘improdutividade’, isto é, está sempre ligado a uma imagem negativa das
pessoas que compõe esse segmento.
Historicamente, sempre foi delegado
ao indivíduo com deficiência mental um lugar específico, do
diferente, sendo a diferença considerada como atributo do indivíduo, ou
seja, como algo pertencente a ele. Com isso, as pessoas com deficiência
mental foram no decorrer dos anos, desacreditadas socialmente (SANTOS,
2007, p. 39).
De acordo com Pletsch, ao longo da história, sob forte
influência da medicina e da psicologia, diferentes terminologias foram
utilizadas para a designação das pessoas com essa característica; a
saber, idiota, débil mental, infradotado, imbecil, retardado mental e,
deficiente mental. Atualmente na perspectiva da educação inclusiva o
termo adotado é deficiência intelectual.
Em conformidade com a Associação Americana de Deficiência Intelectual e de Desenvolvimento
(AADID, 2010, p.1), aluno com deficiência intelectual é aquele que
possui incapacidade caracterizada por limitações significativas no
funcionamento intelectual e no comportamento adaptativo e expressa nas
habilidades práticas, sociais e conceituais, manifestando-se antes dos
dezoito anos de idade.
A expressão deficiência intelectual foi oficialmente utilizada em
1995, no simpósio “Deficiência Intelectual: Programas, Políticas e
Planejamento”, promovido pela Organização das Nações Unidas, em Nova
York. Mas, somente em 2004, após à publicação da “Declaração de Montreal sobre Deficiência Intelectual”
pela Organização Pan-Americana de Saúde e a Organização Mundial de
Saúde é que esta terminologia foi divulgada para substituir o termo
deficiência mental.
A atual definição propõe que essa deficiência deve ser
compreendida como uma interação entre o funcionamento intelectual e as
suas relações com contexto social, isto é, que as limitações deixam de
ser observadas somente como dificuldade exclusiva da pessoa deficiente
intelectual, numa perspectiva quantitativa de inteligência, passando a
ser consideradas como limitações do contexto social que deve ofertar os
apoios que ela necessita, ou seja, adota-se uma perspectiva relacional
de compreensão e definição entre o sujeito com deficiência intelectual
e seu meio.
Pletsch (2009) e Pan (2008) comentam que, para a identificação da
pessoa com deficiência intelectual, a American Association of Mental
Retardation – AARM - adotou o conceito multidimensional, já publicado
em 2002, que prioriza tanto os atributos individuais do sujeito como o
contexto em que vivem. Para tal análise, apresenta as Dimensões:
Dimensão I – Habilidades Intelectuais. Esse fator intelectual
é apenas um dos indicadores, é avaliado por testes psicométricos de
inteligência, considerados necessários, mas não único para o
diagnóstico da deficiência. Essa habilidade refere-se à capacidade de
ordem conceitual, raciocínio, planejamento, solução de problemas,
pensamento abstrato, compreensão de idéias complexas, rapidez de
aprendizagem e aprendizagem por meio de experiências.
Dimensão II – Comportamento Adaptativo. -Habilidade
conceitual, prática e social. São habilidades importantes para a
autonomia da pessoa, pois expressam independência pessoal e
responsabilidade com a demanda do meio em que vive, de acordo com o
esperado para sua faixa etária e grupo social.
Dimensão III – Participação, interação e Papéis Sociais. Destaca
a importância da participação na vida comunitária em ambientes típicos
dos pares da mesma idade, como a casa, a vizinhança, a escola e o
trabalho.
Dimensão IV – Saúde. Para o diagnóstico de deficiência intelectual devem contemplar fatores etiológicos, assim como de saúde física e mental.
Dimensão V – Contextos. A avaliação do contexto recomenda a
análise das condições do local onde a pessoa se relaciona como a
família, vizinhança e escola.
Outro aspecto proposto pela mesma Associação, para a compreensão
dessa deficiência é o sistema de classificação, baseado nos apoios que
a pessoa necessita:
a) intermitentes, utilizado em situações especifica e quando necessário;
b) limitados, oferecido por tempo limitado na escola e no trabalho;
c) extensivos oferecido de forma periódica e regular, podendo-se estender-se sem limitação de tempo em alguns ambientes, como na escola; e
d) pervasivos ou generalizados, caracterizados como constantes, estáveis e de alta intensidade.
A partir desta definição,
(...) abandonam-se as tendências que
classificam e categorizam, previamente, com base em diagnósticos
clínicos e psicológicos, as pessoas com deficiência intelectual em
níveis (leve, moderada, severa e profunda), os quais indicavam
comportamentos e características próprios de cada categoria.
(FERNANDES, 2007, p. 95).
Assim, podemos concluir que a atual definição de
deficiência intelectual proposta pela AAIDD, consiste em significativas
mudanças conceituais em torno da concepção dessa deficiência e exige a
adoção de novas práticas educacionais, tanto no ensino regular como na
educação especial, as quais acompanhem a evolução conceitual na
perspectiva inclusiva, sob pena de mudarem as terminologias e
permanecerem as mesmas práticas educacionais consideradas defasadas. É
fundamental, pois, que se identifiquem os tipos de apoios necessários e
sua intensidade para cada aluno, com o objetivo de favorecer as
condições de participação, sucesso na aprendizagem e bem-estar social
para todos.
2 DESENVOLVIMENTO E A APRENDIZAGEM: FUNDAMENTOS PARA COMPREENSÃO
DO DESENVOLVIMENTO COGNITIVO DO ALUNO COM DEFICIÊNCIA INTELECTUAL
Os fundamentos para compreensão do desenvolvimento
cognitivo do aluno com deficiência intelectual, serão descritos em duas
abordagens interacionistas: o construtivismo de Piaget e a teoria
sócio-histórica de Vigotsky, pois considera-se que esse referencial
respalda satisfatoriamente a atual concepção de deficiência intelectual
e as práticas pedagógicas decorrentes.
2.1 A deficiência intelectual na visão de Jean Piaget
A
Epistemologia Genética de Piaget estuda a construção do conhecimento.
Defende que as estruturas do conhecimento são pré-formadas
biologicamente no sujeito e tornam-se necessárias desde o nascimento.
Através da interação com o meio as estruturas mentais se organizam,
acreditando na interdependência entre o sujeito e o meio e não
supremacia de um sobre o outro. Assim, a criança é concebida como um
ser dinâmico, que a todo o momento interage com a realidade, operando
ativamente com as pessoas e objetos.
Nessa abordagem, a inteligência é entendida como
adaptação e tem como função equilibrar o sujeito e o meio ambiente,
através dos mecanismo de assimilação e acomodação.
A assimilação é o processo cognitivo de solucionar novos eventos em
estruturas cognitivas já existentes, ou seja, é o mecanismo que
viabiliza a ação do sujeito sobre o objeto, integrando-o a uma
estrutura já estabelecida. E, acomodação, é um processo de
transformação das estruturas do sujeito em função das particularidades
do objeto a ser assimilado. (PIAGET, 1982, apud DEEIN, 2007).
Piaget (1980) estabelece quatro estágios ou períodos de desenvolvimento
1º. Estágio sensório motor (de 0 a aproximadamente 2 anos de
idade): A atividade intelectual da criança é de natureza sensorial e
motora, logo corresponde ao estágio dos reflexos e ou mecanismos
hereditários. A criança tem ação direta sobre os objetos. Nesse período
a criança não apresenta a função semiótica, isto é, não representa
mentalmente os objetos. É o período anterior à linguagem.
2º. Estágio pré-operatório (aproximadamente de 2 anos a 7
anos de idade): A criança desenvolve a capacidade simbólica (imitação,
desenho, jogo simbólico, imagem mental). Apresenta sentimentos
individualistas e não assume o papel do outro (egocentrismo). Sua
inteligência é intuitiva e tem domínio da linguagem.
3º. Estágio das operações concretas (aproximadamente de 7 aos
12 anos de idade): Aparecimento do pensamento lógico, desenvolve noção
de número, conservação, massa e volume. Capaz de planejar e fazer
auto-análise de suas ações. Possui sentimentos morais e sociais.
4º. Estágio das operações formais (aproximadamente dos 12
anos em diante): Nesse estágio ocorre o desenvolvimento das operações
de raciocínio abstrato. Têm início os processos de pensamento
hipotético-dedutivo. Esse estágio também é marcado pela formação da
personalidade e pela inserção do sujeito na sociedade intelectual e
social dos adultos.
De acordo com Piaget o processo de desenvolvimento mental é
contínuo. Cabe ressaltar, que cada estágio apresenta uma ordem de
sucessão fixa e imutável, mas a idade cronológica para superação de
cada um, pode variar de acordo com as condições orgânicas da criança e
a relação com meio ambiente em que está inserido.
As crianças passam por todos os estágios, não necessariamente ao
mesmo tempo, umas desenvolvem-se com mais rapidez, outras mais
lentamente.
Barbel Inhelder,
utilizando-se do método clínico de Piaget desenvolveu pesquisas
estabelecendo comparação entre o desenvolvimento mental de crianças com
e sem deficiência intelectual. Inhelder constatou que a criança com
deficiência intelectual passa pelos mesmos estágios de desenvolvimento,
propostos por Piaget, comparado às crianças sem deficiência, com
diferenciação no ritmo, tempo e menor alcance cognitivo. Afirmando
assim, que deficiência intelectual seria análoga a uma ‘construção
mental inacabada’.
As pesquisas de inspiração piagetiana que se seguiram às
investigações de Inhelder (1963) confirmam a identidade intelectual de
normais e deficientes. Todas elas atestam que os deficientes mentais se
distinguem dos normais pela velocidade do ritmo de construção das
estruturas do conhecimento e pelo nível final das operações, conforme
as particularidades de cada caso. (MANTOAN, 1997, p. 57).
Ainda, esta pesquisadora preocupou-se mais com o diagnóstico da
deficiência intelectual que com sua etiologia, delimitando algumas
características da cognição das pessoas com deficiência intelectual.
Constatou que a pessoa com esta deficiência atinge o nível das
operações concretas, descrito por Piaget, porém dificilmente chegará a
atingir o nível das operações formais, característico do pensamento
adulto.
Nesse sentido, Inhelder (1963) visualiza o desenvolvimento cognitivo
da pessoa com deficiência intelectual de acordo com os estágios de
Piaget e esclarece:
Enquanto a criança normal passa por vários estádios sucessivos, em
um ritmo relativamente rápido, desligando-se depois de um período de
oscilação das formas anteriores de seu raciocínio, o débil segue este
mesmo desenvolvimento, num ritmo mais lento; por outro lado, quando
alcança o limite superior, o seu raciocínio conserva em geral a marca
dos níveis anteriores. Poder-se-ia inclusive dizer que na criança
normal, os passos sucessivos de um nível ao seguinte se efetuam de modo
cada vez mais rápido até o final da adolescência, em virtude da
mobilidade crescente do pensamento operatório. Nos débeis observa-se o
contrário: uma diminuição gradual do ritmo de desenvolvimento, que
desemboca em um estado estacionário. Enquanto o pensamento normal
evolui no sentido de uma equilibração progressiva das operações
definidas pela mobilidade e pela estabilidade crescentes do pensamento,
o pensamento débil parece chegar a um falso equilíbrio caracterizado
por uma certa viscosidade de raciocínio.
Explicando a citação acima, a pessoa com deficiência intelectual
pode atingir um estágio de desenvolvimento sem completar o estágio
anterior, flutuando entre um estágio e outro. Assim sendo, essas
passam pelos mesmos estágios de desenvolvimento estabelecidos por Jean
Piaget, porém sua evolução se dá com lentidão e com períodos de
flutuação.
Mantoan (1997, p.56), pautada na abordagem construtivista, relaciona
resumidamente aspectos estruturais de uma pessoa deficiente intelectual:
- § os deficientes mentais configuram uma condição intelectual análoga a uma “construção inacabada”, mas, até o nível em que conseguem evoluir intelectualmente, essa evolução se apresenta como sendo similar a das pessoas normais mais novas. Portanto, não existe uma diferença estrutural entre o desenvolvimento cognitivo de indivíduos normais e deficientes;
- § embora possuam esquemas de assimilação equivalentes aos normais mais jovens, os deficientes mentais mostram-se inferiores às pessoas normais em face da resolução de situações problemas, ou seja, da colocação na prática de seus instrumentos cognitivos;
- § apesar de se definir por paradas definitivas e uma lentidão significativa no progresso intelectual, a inteligência dos deficientes mentais testemunha uma certa plasticidade ao reagir satisfatoriamente a uma solicitação adequada do meio que vise à construção das estruturas mentais. (MANTON, 1997, p. 56).
Inhelder, em sua pesquisa, pensou ainda em formas de intervenção
pedagógica para possibilitar o avanço cognitivo do aluno com
deficiência intelectual. Segundo ela, a organização e o planejamento da
intervenção deve partir de uma observação e avaliação detalhada para
identificar o estágio de desenvolvimento em que se encontra o aluno.
Enfim, as contribuições da teoria Piagetiana são importantes para
pensar o processo de inclusão educacional do aluno com deficiência
intelectual, pois tem como referência a forma pela qual o aluno pensa,
com possibilidades de se desenvolver pedagogicamente, desde que a
escola ofereça a ele estratégias de desenvolvimento das estruturas
mentais e estimulação do funcionamento intelectual.
2.2 A TEORIA SÓCIO-INTERACIONISTA DE LEV VIGOTSKY
Lev Semyonovitch Vigotsky (1896–1934), russo, formado em Direito,
estudou Medicina, Neurologia e Psicologia. Em sua abordagem teórica
denominada sócio-histórica apresentou contribuições importantes para o
estudo do desenvolvimento cognitivo e aprendizagem, com explicações
sobre a origem e funcionamento das funções psicológicas superiores.
Nessa perspectiva, o desenvolvimento humano, está ligado às interações
entre o sujeito e a sociedade, a cultura e a sua história de vida.
Vigotsky enfatiza a grande importância das relações sociais e da
interferência de outra pessoa para consolidação das funções
psicológicas superiores, sendo que, para ele maturação biológica é um
fator secundário. Esse estudioso escreve que o desenvolvimento humano
se diferencia de pessoa para pessoa, e ocorre de forma particular de
acordo com fatores orgânicos, socioculturais e emocionais:
(...) o ser humano nasce apenas com
recursos biológicos, mas com a convivência social, com seus valores e
sua cultura, esses recursos concretizam o processo de humanização (de
desenvolvimento humano), essencialmente possível por meio do processo
ensino-aprendizagem. (PLETSCH, 2009, p. 89).
De acordo com Vigotsky, pode-se afirmar que a aprendizagem é
consequência das inter-relações entre as pessoas e a sociedade. A
criança inserida num grupo constrói seu conhecimento com a ajuda do
adulto e de seus pares, portanto seu desenvolvimento se dá pelo
convívio social. Essa inter-relação com o outro (adultos ou pares) é
denominada por Vigotsky de mediação. Assim, a “Mediação, em termos
genéricos, é o processo de intervenção de um elemento intermediário
numa relação; a relação deixa, então, de ser direta e passa a ser
mediada por esse elemento” (OLIVEIRA, 1993, p. 23). A mediação é um
conceito fundamental na teoria de Vigotsky, pois dela origina-se as
funções psicológicas superiores.
As funções ou processos psicológicos superiores são especificamente
humanos (tais como a atenção voluntária, memória, abstração e
linguagem), pois são produtos da atividade cerebral, com base
biológica, mas, fundamentalmente, são resultados das relações sociais.
Para explicar a relação entre desenvolvimento desses processos,
Vigotsky formulou o conceito de zona de desenvolvimento proximal ou
potencial:
A distância entre o nível de desenvolvimento real, que se costuma
determinar através da solução independente de problemas, e o nível de
desenvolvimento potencial, determinado através da solução de problemas
sob orientação de um adulto ou em colaboração com companheiros mais
capazes. (OLIVEIRA, 1993, p. 60).
Logo, a zona de desenvolvimento proximal é o caminho que a criança
deve percorrer para o desenvolvimento de suas funções psicológicas
superiores. Nesse processo, aquilo que a criança consegue fazer com a
colaboração do outro, em determinado momento, ela conseguirá fazer
sozinha, em outro momento.
Em relação às pesquisas sobre a educação especial, Vigotsky publicou
uma coletânea denominada ‘Fundamentos de Defectologia’, e explica que
as causas da deficiência podem ser de ordem primária e secundária.
As causas de ordem primária são de origem biológica ou hereditária,
como lesões orgânicas e cerebrais, malformações ou alterações
cromossômicas. As secundárias são aquelas construídas nas relações
sociais e culturais características do entorno em que cada sujeito se
insere. Na interpretação de Carneiro (2007, p. 41), ‘Os aspectos
primários da deficiência desencadeiam certas limitações naturais na
criança, mas são as limitações secundárias, mediada social e
psicologicamente, as que definem o perfil particular de uma pessoa com
deficiência’.
Dentro do enfoque social da deficiência, Vigotsky afirma que ‘as
leis que regem o desenvolvimento da pessoa com deficiência mental são
as mesmas que regem o desenvolvimento das demais pessoas’. A mesma
autora cita ainda que, ‘Para ele, a criança cujo desenvolvimento foi
comprometido por alguma deficiência, não é menos desenvolvida do que as
crianças ‘normais’, porém é uma criança que se desenvolve de outra
maneira’.
Assim, para estudar a especificidade de cada criança com atraso, é
necessário resgatar os conceitos que regem o desenvolvimento das
funções psicológicas superiores de crianças que não apresentam
deficiência. Logo, o estudo da deficiência intelectual em
Vigotsky não enfatiza os aspectos orgânicos, mas as relações sociais
que são ofertadas a essas crianças e, em consequência, a organização
das funções psicológicas superiores. Nesse sentido, Vigotsky propõe que
a criança deficiente seja estudada em uma perspectiva qualitativa e não
quantitativa comparada a seus pares sem deficiência, como se postulava
na época. Pletsch (2009) comenta que essas crianças com deficiência
intelectual não formam um grupo homogêneo entre si, elas são
diferentes, partindo dessas diferenças faz-se necessário atender suas
especificidades considerando-se os processos compensatórios.
Em seus escritos sobre defectologia, o estudioso russo discute sobre o conceito de compensação.
Para ele, o defeito ou lesão de um órgão estimula no sistema nervoso
central todo o aparato psíquico a assumir a tarefa de compensar o
defeito. A compensação da deficiência intelectual consiste em criar
condições para estabelecer interações que possibilitem a esses sujeitos
desenvolverem-se, ou seja, o desenvolvimento desses não é espontâneo,
mas sempre mediado pelo outro, principalmente no âmbito escolar.
A compensação é, pois, possibilitada pelo meio social e nesse
sentido, uma criança com deficiência intelectual necessita ser muito
mais estimulada, por exemplo, através da linguagem, para que as funções
cognitivas, como memória, raciocínio e pensamento, atinjam um grau mais
elevado de desenvolvimento. (ESCÓRCIO, 2008, p. 61).
Diante da discussão da teoria Vigotkyana podemos concluir que as
possibilidades de desenvolvimento do aluno com deficiência intelectual
são determinadas não somente pelas condições orgânicas, mas
principalmente pelas possibilidades oferecidas pela escola. Logo, a
escola deve olhar a potencialidade do deficiente intelectual e através
da mediação social alcançar a compensação dos déficits decorrentes da
deficiência, ou, em palavras e definições atuais, atenderem as
necessidades educacionais decorrentes desta condição intelectual. Para
alcançar esse objetivo, o professor deve planejar atividades que
promovam o desenvolvimento das funções psicológicas superiores dos
alunos com deficiência intelectual, através de vivências desafiadoras
que os possibilitem transpor seu nível de desenvolvimento real.(Édne Aparecida Clase Makishima e Eliete Cristina Berti Zamproni) By Lully.
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