Há várias maneiras de se compreender o processo de inclusão; uma delas é inserir socialmente um individuo contra o preconceito a sua volta. Seja ele por ser o indivíduo portador de necessidades especiais, obter ideologia religiosa, pertencer a classes sociais, raça ou cultura diferente, etc. Mas para que se possa entender o processo de inclusão deve-se compreender a falta dela. Atualmente, pode-se observar que o conceito sobre exclusão é muito amplo. Segundo AMARO (2004), "vários fatores pode levar alguém a ser excluído socialmente". Tais como: Fatores de natureza estrutural: Relacionado ao sistema econômico, desenvolvimento estrutural, ambientes dominantes, paradigmas culturais, etc. Fatores de âmbito local: condições que interferem no cotidiano do individuo. Como preconceitos culturais e sociais, mercado de trabalho, normas e comportamentos sociais, etc. Fatores de nível individual e familiar: Refere-se às situações pessoais e familiares, capacidades frustradas ou não valorizadas, situações de desemprego, grau de escolaridade, etc. Uma das formas de trabalhar esses fatores em sala de aula é por meio do processo teoria-prática. Paulo Freire relaciona a teoria e a prática de forma indivisível. Para Freire não faz sentido a elaboração de uma teoria sem uma prática condizente com a realidade do aluno, que não esteja relacionada com o meio que o indivíduo está inserido. E é a partir deste processo teoria-prática que será planejado e organizado o processo ensino-aprendizagem, cabendo ao professor transmitir para o aluno uma mensagem por trás de tudo que é trabalhado em sala de aula, seja leituras, viagens, músicas, jogos, etc. Mas que transmita para o aluno algo que o leve a fazer uma relação com suas experiências dentro e fora da escola de uma forma interpessoal e multidimensional. É formar um aluno ativo e participante não apenas nas semanas das provas. Propõe assim, que "falemos menos e trabalhemos mais", isto é, mais ação e menos teorias, o que na maioria das vezes ficam apenas no papel. Como por exemplo, alguns temas transversais do decálogo da educação em valores da LDB. Que seriam: Capacidade de convivência; Igualdade de direitos; Justiça; Respeito mútuo. Os temas citados são basicamente obrigatórios, mas praticamente não são cumpridos por todos, na maiorias das vezes por causa da falta do diálogo. Pode-se dizer que o diálogo é a palavra fundamental em toda e qualquer relação social. É uma forma de estar no mundo, convivendo com as outras pessoas e aprendendo sempre. Pois é por causa desta interação com as outras pessoas que somos seres sociáveis. E, para que este diálogo seja posto em prática na sala de aula, a escola tem que fazer uma leitura social através de cada geração, cada século, de cada cultura para poder adaptar a escola ao aluno de acordo com seu ambiente fora da mesma. Se o professor for parar para observar o motivo de muitos alunos tomarem determinadas atitudes dentro da sala de aula, ele irá ter a noção de que os alunos com problemas interpessoais não estão apenas nos livros dos professores ou nos noticiários, e sim que estes problemas e dificuldades estão bem vivos dentro e fora da escola. Sendo transmitido em seus alunos. Com isso, o professor irá perceber que cada aluno tem uma história de vida diferente, que cada um traz para a escola um pouco do que vivencia, e que não são uma ?tábua rasa? esperando apenas que o professor com sua educação bancária, deposite neles os conteúdos e espere o dia da prova para "sacar" exatamente a quantidade que foi depositada. Outra forma que também pode levar à exclusão é a educação da opressão. De acordo com Paulo Freire (1996), "Se recusa, de um lado, silenciar a liberdade dos educandos, rejeita, de outro, a sua supressão do processo de construção da boa disciplina." Ou seja, faz do aluno um oprimido que acha que tudo dito pelo seu opressor (professor) seja de certeza plena. |
Aos referentes lidos, pode ser afirmado que nenhum conhecimento é finito, isto é, o conhecimento não acaba quando o professor cala. O aluno não deve estar satisfeito apenas com o que lhe é dito pelo professor. Deve ter a paciência impaciente de sempre ir em busca de um algo mais, algo além do que lhe é transmitido.
Com isso, o professor também deve ter a consciência de que o conhecimento é inacabado. De que o que seu aluno aprende não apenas o que ele ensina; e que tudo o que o aluno ? excluído ou não ? de hoje aprende, vai refletir na sociedade do amanhã. Sociedade essa em que todos vão fazer parte, e também as futuras gerações dos próprios professores.
E para que seu aluno não se depare sendo mais um excluído entre tantos na sociedade, professor deve despertar no aluno uma autonomia. Dar ao mesmo o direito da decisão. E, a partir daí, mostrar-lhe que ele será o responsável pelos seus erros e atitudes diante do contexto cultural em que o mesmo está inserido. Assumindo o compromisso da liberdade. Tomando suas próprias decisões com um olhar critico perante a sociedade em que vive.
Pode-se dizer que o paradigma da inclusão é, justamente, tornar a sociedade um ambiente agradável para convivência entre as pessoas com todos os tipos de inteligências e capacidades na luta pela realização de seus direitos.
Para que o professor reconheça qual sua meta verdadeira com relação à educação de seus alunos é necessário que este se sinta realmente respeitado e valorizado perante todos da sociedade em que vive. Pois se qualquer pessoa que seja for desrespeitada por alguém, logo, a mesma irá inconscientemente ou não transmitir essa indignação pra todos à sua volta. Justamente como afirma Paulo Freire (1996), "o respeito que devemos como professores aos educandos dificilmente se cumpre, se não somos tratados com dignidade e decência pela administração privada ou publica da educação."
Referências
BRANDÃO, Carlos Rodrigues. O que é Educação. SP, Brasiliense, Coleção Primeiros Passos N° 20, 33ª edição, 1981
FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia. SP, Paz e Terra, Coleção Leitura, 35ª edição, 1996
LIMA, Simone Valéria R. Historia da Educação ajudando na pratica: Uma vivencia em sala de aula. Recife, Bagaço, 1ª edição, 2005
GODOTTI, Moacir. Convite à leitura de Paulo Freire. Mestres da Educação. Scipione, SP
CANDAU, Vera Maria. Rumo a uma nova didática. Petrópolis. Vozes, 2003
FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia. SP, Paz e Terra, Coleção Leitura, 35ª edição, 1996
LIMA, Simone Valéria R. Historia da Educação ajudando na pratica: Uma vivencia em sala de aula. Recife, Bagaço, 1ª edição, 2005
GODOTTI, Moacir. Convite à leitura de Paulo Freire. Mestres da Educação. Scipione, SP
CANDAU, Vera Maria. Rumo a uma nova didática. Petrópolis. Vozes, 2003
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