A indisciplina é um fenômeno complexo, interdisciplinar e contextualizado, que tem crescido
muito nas últimas décadas e está presente tanto na escola pública,
quanto na privada, no ensino fundamental, como no ensino médio.
A intervenção psicopedagógica,
ajudará no processo de mediação e/ou a solução do problema a partir do
estabelecimento de uma relação dialógica e de processos grupais entre
os atores envolvidos, quais sejam: escola – aluno – família.
A proposta de
intervenção psicopedagógica consiste no entendimento, na construção e
desconstrução dos significados da indisciplina escolar, na busca por
suas causas e descoberta das consequências, mas, sobretudo, na busca
conjunta por soluções. O psicopedagogo mediará tarefas a partir de
trabalhos com os grupos operativos. A aproximação, o diálogo, a
construção da identidade, indivíduo-grupo, como também, a construção e
desconstrução de conceitos, possibilitada mudanças na forma como
professores, alunos, e pais percebem o espaço e papel da escolar, e de
si mesmo, a própria indisciplina. Aos poucos, como construto de muitas mãos e processo conjuntos, poderá emergir ações minimizadoras do problema da indisciplina.
Sabemos que a estrutura familiar foi
modificada ao longo dos anos, alguns pais já não impõem os mesmos
limites que eram impostos antigamente. Há famílias que deixam,
exclusivamente, para a escola a incumbência de ensinar limites e
valores aos seus filhos. Isto acarreta mais "trabalho" para o
professor, mas não fazê-lo só irá prejudicar ainda mais o cotidiano em
sala de aula.
Não é raro
presenciar alunos que desrespeitam seus pais em público, nem por isso
deve-se tolerar o desrespeito ao professor. Por mais que a criança não
tenha regras e limites perante a família, deve ser orientada que o
mesmo não será tolerado no ambiente escolar. Nos primeiros anos das
séries iniciais as crianças incorporam facilmente os limites e regras,
mesmo que em família isto não ocorra. Há o relato de Caio, um aluno do
2º ano do fundamental que em casa não colabora com a mãe e evita a
execução de qualquer ordem imposta por ela, além de respondê-la com
total falta de educação. Quando não é atendida opta pela famosa
"surra". Já em sala o mesmo aluno, mantêm o material organizado e
sempre executa suas atividades escolares e com raras exceções é
necessário chamar sua atenção mais que uma vez. Pode-se analisar que o
erro esta na conduta da mãe, pois esta não deixa claro ao filho os
limites e regras que deve seguir, além de não ser um modelo a ser
seguido, pois já o abandou inúmeras vezes devido a depressão.
Ser um exemplo auxilia na construção do caráter da criança, mesmo que
ela não tenha grandes exemplos em casa, nada a impede de se espelhar no
professor e surpreender ao longo do seu desenvolvimento. Insira em seu
planejamento aulas de boas maneiras, de motivação, de carinho... Não
custa nada e fará muita diferença. Principalmente, dê o exemplo. Seja e
transpareça honestidade, bom humor, criatividade, justiça, amor.
Não há uma fórmula mágica a ser seguida pelo professor, o conselho é:
"enxergar o aluno" e aprender a "amá-lo" como indivíduo. Caso você leia
isto e dê risadas, sinceramente abandone o cargo. Porque o que faz o
professor ser um excelente educador é isto: AMOR. Caso contrário
corre-se o risco de ter uma aposentadoria precoce ou passar pela vida
de crianças sem ser notado.
É fácil e cômodo "gritar aos quatro ventos" que fulano não tem jeito e
nunca irá melhorar pois a família não coopera. A cooperação familiar
faz falta sim, mas nem por isso pode-se assinar um atestado de
"fracasso" a criança. Há tantos relatos de pessoas que superaram as
expectativas. Um exemplo que está na mídia é o de Roberto Carlos Ramos,
contador de história de fama mundial, foi considerado um caso
irrecuperável. Você queria ter assinado este atestado?
Por Ana Paula Ruggini Zarpelon, professora atuante em escola de periféria no município de Curitiba - Para saber mais:Roberto Carlos Ramos - site oficial
Indisciplina na Sala de Aula...o que fazer?
Como lidar com os grupinhos que não param de conversar e não participam das atividades?
E com os que, semana após semana, deixam de fazer a lição?
Sem
falar nos problemas mais graves, como a falta de respeito dentro da
classe, os xingamentos e, o pior, as agressões verbais e físicas.
Pesquisa realizada no ano passado pelo Observatório do Universo
Escolar, em parceria com o Ministério da Educação, constatou que a
indisciplina é uma das causas mais apontadas pelos professores para o
fracasso do planejamento inicial.
"A
família não impõe limites!" "É a televisão que educa as crianças."
"Eles não estão a fim de nada, não têm jeito!" Quantas vezes você já
não ouviu (ou proferiu) essas frases? Não há dúvidas de que boa parte
do problema passa mesmo pela família, ausente e desestruturada, pelos
programas de TV, cada vez mais violentos, e pelo próprio jovem, cujo
caráter ainda está em formação. Mas saber disso não resolve o problema.
Autoridade se constrói
É impossível
falar de indisciplina sem pensar em autoridade. E é impossível falar de
autoridade sem fazer uma ressalva: ela não é dada de mão beijada, mas é
algo que se constrói. Ou seja, ter autoridade é muito diferente de ser
autoritário (leia o quadro abaixo).
Dizer "não faça isso", ameaçar e castigar são atitudes inúteis.
O estudante
precisa aprender a noção de limite e isso só ocorre quando ele percebe
que há direitos e deveres para todos, sem exceção.
Um professor autoritário... | Um professor com autoridade... |
...exige silêncio para ser ouvido; | ...conquista a participação com atividades pertinentes; |
...pede tarefas descontextualizadas; | ...mostra os objetivos dos exercícios sugeridos; |
...ameaça e pune; | ...escuta e dialoga; |
...quer que a classe aprenda do jeito que ele sabe ensinar; | ...procura adequar os métodos às necessidades da turma; |
...não tem certeza da importância do que está ensinando; | ...valoriza o conteúdo de sua disciplina na construção do conhecimento; |
...quer apenas passar conteúdos; | ...adapta os conteúdos aos objetivos da educação e à realidade do aluno; |
...vê o aluno como um a mais. | ...vê o aluno como um ser humano. |
Um
dos obstáculos mais frequentes na hora de usar o mau comportamento a
favor da aprendizagem é uma atitude comum a muitos professores: encarar
a indisciplina como agressão pessoal.
"Não
podemos nos colocar na mesma posição do jovem", adverte Julio Aquino,
professor de Psicologia da Educação na Universidade de São Paulo (USP).
Quando
a desordem se instala, diz ele, é fundamental agir com firmeza. Como
fazer isso? Não há fórmulas prontas, mas um bom caminho é discutir o
caso com os envolvidos e aplicar sanções relacionadas ao ato em questão.
O
professor precisa desempenhar seu papel o que inclui disposição para
dialogar sobre objetivos e limitações e para mostrar ao aluno o que a
escola (e a sociedade) esperam dele. Só quem tem certeza da importância
do que está ensinando e domina várias metodologias consegue desatar
esses nós.
Maria
Isabel Fragoso, professora de História do Colégio Albert Sabin, em São
Paulo, sabe que sua disciplina requer muitas aulas expositivas. Mas ela
notou que não conseguia atenção suficiente ao falar diante do
quadro-negro. A saída foi propor à garotada a criação de encenações
sobre alguns períodos históricos. Resultado: o desinteresse e a bagunça
logo se transformaram em mais concentração.
De
maneira geral, as escolas consideram rebeldia as transgressões às
regras de convivência ou a não adequação a um modelo ideal seja em
relação ao ritmo de aprendizagem (bom é quem aprende rápido) seja em
relação ao comportamento (só queremos os obedientes). O primeiro passo
é tomar consciência de que a inquietação é inerente à idade e faz parte
do processo de desenvolvimento e de busca do conhecimento. O segundo,
aceitar as diferenças. "A adolescência, em especial, é a fase de
descobrir e de testar limites", diz o psicólogo português Daniel
Sampaio, autor de Indisciplina: Um Signo Geracional.
Ana Paula Gama,
regente de uma turma de 4ª série da Escola Municipal de Ensino
Fundamental Vianna Moog, em São Paulo, conta o que fez para "domar" um
garoto tido como o terror em pessoa. "Augusto*, então com 12 anos, era
conhecido desde a 1ª série como agressivo e desinteressado. A mãe
freqüentemente assistia às aulas a seu lado e ajudava nas lições de
casa. Tudo em vão", lembra a professora.
Experiências com Estratégias que funcionaram
na prática,poderão ajudar você, professor(a):
Ana
Paula começou a pedir ajuda na arrumação da sala e na distribuição e
recolhimento de material. Em pouco tempo, ele tomou a iniciativa de
abandonar as carteiras do fundão e a sentar-se na frente. Passou a
prestar atenção, a freqüentar as classes de reforço e a oferecer-se
para executar as mais variadas tarefas. "Ela incentivou o lado bom do
estudante, mostrou que ele pode ser útil", analisa Cintia Freller. Só
com carinho e atenção, Ana Paula fez com que Augusto superasse o
estigma de aluno-problema.
"Quando há
relacionamento afetuoso, qualquer caso pode ser revertido em pouco
tempo", afirma Tânia Zagury, psicóloga e pesquisadora em educação.
Ana Cely
Monteiro da Silva, da Escola Municipal Ciro Pimenta, em Belém, precisou
de apenas três meses para incluir Márcio* na turma de 2ª série. Com 13
anos, ele não tinha amigos, ameaçava os colegas e se dizia "do mal".
Faltava muito e, quando aparecia, contestava tudo.
Cely sabia que o
problema estava em casa. Por ocasião do Dia dos Pais, ela decidiu
trabalhar um texto sobre relacionamento familiar. Na hora do debate,
Márcio expôs o próprio drama: pai desempregado, alcoólatra e violento.
"Ele tinha bom vocabulário e gostava de expor suas idéias", lembra a professora. O passo seguinte foi elogiar as colocações do menino e propor discussões sobre outros temas. Ao ver seus interesses contemplados na classe, o jovem se tornou assíduo e participativo.
"Ele tinha bom vocabulário e gostava de expor suas idéias", lembra a professora. O passo seguinte foi elogiar as colocações do menino e propor discussões sobre outros temas. Ao ver seus interesses contemplados na classe, o jovem se tornou assíduo e participativo.
"Aliar as
necessidades de ensino-aprendizagem às preferências da turma é uma
estratégia que sempre dá certo", garante Nívea Maria de Carvalho
Fabrício, presidente da Associação Brasileira de Psicopedagogia.
Como enfrentar os "rebeldes" | |
Esqueça a imagem do aluno "ideal";
Observe a criança e o grupo com atenção;
|
Procure criar
situações, com histórias ou brincadeiras, que levem a turma a refletir
sobre o comportamento de um ou mais colegas, sem expô-los;
|
Converse com os que atrapalham a aula, ouvindo suas razões;
|
Não abra mão do objeto de seu trabalho, que é o conhecimento;
|
Não rotule o aluno, em hipótese alguma;
|
Diferencie as aulas, evitando rotinas;
|
Esclareça as conseqüências para a aprendizagem das atitudes consideradas inadequadas;
|
Lembre-se de que os conteúdos podem ser atitudinais, e não apenas factuais e conceituais.
|
Limites e figura de autoridade
Quando ouvimos educadores ou psicólogos falarem sobre regras e limites que devem
serem transmitidos pelo pais aos seus filhos, nos parece uma tarefa
fácil. Porém, porque será que na prática essas questões se tornam
tarefas tão difíceis? Em princípio, temos que levar em conta uma
questão: para que pais ou responsáveis pela criança possam transmitir
limites, precisam inevitavelmente lidar com suas próprias questões e
problemas relacionados a limites.
Um pai ou mãe
que teve dificuldades em apreender os limites dados pelos seus pais,
possivelmente, terá dificuldades em transmiti-los aos seus filhos. Por
exemplo: como um pai poderá exigir do seu filho que esse não cometa
excessos, se ele mesmo comete.
Por fim, é
fundamental que os pais estejam constantemente revendo seus
comportamentos, atitudes, valores e princípios, a fim de passar para os
filhos o que seja adequado.
Os pais devem
ter autoridade junto aos filhos e não apenas serem figuras punitivas e
repressivas, ter autoridade é ser firme e passar educacionalmente para
as crianças a firmeza dos seus valores. Essa é a maneira pela qual a
criança vai lidar com seus limites e criar uma base para a introjeção
das regras sociais na vida adulta. (Rose Araújo)
O que é respeito? Como se ensina a respeitar?
• O que é respeito?
É
dar atenção, honra e consideração. Respeitar para ser respeitado, essa
é a chave do sucesso. Esse é o lema que todos devemos aprender.
.Onde deve começar?
Em casa, entre os pais, para que seja um exemplo a ser seguido pelos filhos.
.Quando começar?
Desde que o bebê nasce e ele pode ver que o respeito reina em sua família.
Em casa, entre os pais, para que seja um exemplo a ser seguido pelos filhos.
.Quando começar?
Desde que o bebê nasce e ele pode ver que o respeito reina em sua família.
•
A criança aprende a respeitar quando ela tem bons exemplos em casa. Não
adianta ensinar seu filho a não xingar ou não gritar, quando ele vê
você fazer isso diariamente, dentro e fora de casa. Assim é importante
que os pais ajam sempre como o tipo de pessoa que eles gostariam que
seus filhos fossem. Lembrem que os pais são modelo e referencial para
seus filhos.
• Muitos pais
confundem respeito com permissividade. Absolutamente errado. Respeitar
os filhos não é deixá-los fazer o que eles querem. Os pais são
responsáveis pela educação dos filhos e faz parte dessa educação
colocar regras e limites e orientá-los sobre como se comportar. Mas
também precisam ouvir a criança, conhecer os filhos, dar atenção e
consideração. Assim eles se sentirão amados e cuidados em suas
necessidades.
INCENTIVANDO...
Todo início de
ano os professores constroem com as crianças as regras da sala. Depois
de um tempo alguns acabam esquecendo de seguir estas regrinhas, e o
educador acaba passando a maior parte do tempo "dando babada" na turma.
Durante todo o
ano as regras devem ficar expostas na sala, sugiro que aluno possua, no
crachá ou agenda escolar, uma ficha (fig.1), onde constam alguns itens
que a criança deve seguir: capricho, comportamento, tarefas de casa e
da escola. A cada item realizado, preenche-se com um OK. A
periodicidade do preenchimento depende de você: diária, semanal,
quinzenal ou mensal.
Eu fazia
diariamente, a cartela durava uma semana. Ao final da semana premiava
quem possuía a cartela totalmente preenchida, a recompensa ou prêmio
era ser ajudante durante toda a semana, caso existissem muitas crianças
com tudo ok, dividia as tarefas. É extremamente importante recompensar
a criança de alguma forma, e não esquecer dos elogios, a recompensa
social é muito importante.
Caso você possua
alguma criança com desvio de conduta, faça uma tabela diferenciada com
os comportamentos que ela deve seguir, exemplo: permanecer sentada
durante as tarefas, ser educado com os colegas e funcionários, prestar
atenção durante as atividades, etc.
Não há uma
fórmula mágica a ser seguida pelo professor, o conselho é: "enxergar o
aluno" e aprender a "amá-lo" como indivíduo. Caso você leia isto e dê
risadas, sinceramente abandone o cargo. Porque o que faz o professor
ser um excelente educador é isto: AMOR. Caso contrário corre-se o risco
de ter uma aposentadoria precoce ou passar pela vida de crianças sem
ser notado.
É fácil e cômodo
"gritar aos quatro ventos" que fulano não tem jeito e nunca irá
melhorar pois a família não coopera. A cooperação familiar faz falta
sim, mas nem por isso pode-se assinar um atestado de "fracasso" a
criança. Há tantos relatos de pessoas que superaram as expectativas. Um
exemplo que está na mídia é o de Roberto Carlos Ramos, contador de
história de fama mundial, foi considerado um caso irrecuperável. Você
queria ter assinado este atestado?
(Ana Paula Ruggini Zarpelon, professora atuante em escola de periféria no município de Curitiba). - Para saber mais:Roberto Carlos Ramos - site oficial
É ter AMOR, nada
mais ou menos que isso. É necessário amar as crianças e deixar isto
transparecer em suas aulas. É querer que eles aprendam para que tenham
um futuro ou uma oportunidade melhor. O superprofessor planeja aulas
criativas e com conteúdos que atraíam os alunos. Sabemos que existem
conteudos "chatérrimos" mas é aí que sua criatividade deve atingir o
ponto máximo.
Para ser um superprofessor você precisa:
- estar bem consigo mesmo, física e psicologicamente;
- reciclar-se constantemente, fazer cursos e ler muito;
- entender o aluno;
- conhecer e considerar as etapas de desenvolvimento;
- conhecer a realidade que cerca o aluno e empenhar-se em melhorar o seu ambiente de trabalho.
- entender o aluno;
- conhecer e considerar as etapas de desenvolvimento;
- conhecer a realidade que cerca o aluno e empenhar-se em melhorar o seu ambiente de trabalho.
Referência Bibliográfica:TIBA, Içami. Ensinar Aprendendo. São Paulo: Editora Gente, 1998.
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