Conto africano
Numa certa manhã, vinha de cabeça baixa e muito triste uma Kererê, lamentando-se «tô fraca, tô fraca, tô fraca!»
Resolveu saciar a sede num riacho. Lá deparou-se com uma linda mulher que se banhava e coquete como só ela sabia começou a pintar-se.
Kererê quando viu aquilo admirou-se: era Dandalunda, aquela que dá brilho às jóias e se banha e pinta antes mesmo de cuidar dos filhos...
Dandalunda quando percebeu a tristeza daquela ave perguntou-lhe:
- Porque é essa tristeza Kererê?
Kererê respondeu-lhe:
- Entre os meus pares eu sou a mais feia!
Naquela época Kererê era toda preta...
Dandalunda então pediu para Kererê se aproximar. Ela pegou em osum amarelo e pintou o seu bico; depois com osum vermelho os brincos. Depois com waji tornou as penas azul escuro e com efum fez as pinturas brancas. E continuou a pintar Kererê. Esta ao ver a sua imagem no abebé de Dandalunda saiu correndo de tanta felicidade cantando "Kuéim, kuéim, kuéim".
Dandalunda que ainda não tinha terminado de pintar Kererê pediu a Kakulu, divindade dos gêmeos, para que corresse atrás de Kererê e a trouxesse de volta, pois não tinha pintado o seu peito.
Kererê lá voltou e pediu para que Dandalunda ao invés de pintar o peito lhe desse um colar.
Dandalunda fez-lhe a vontade e ofereceu-lhe um colar em forma de coroa que Kererê carrega até hoje... e entre os seus pares é a mais linda de todas...
Tempos depois Kererê voltou e tornou-se o primeiro ser que "tomou" obrigações por aquela que é capaz de modificar todos com a sua doce magia encantada da beleza.
Kererê, o primeiro ser de cabeça raspada, adornado e pintado por Dandalunda... e é por este motivo que quando um Kererê é sacrificado, os africanos têm que tirar este colar em forma de coroa e coloca-lo em evidência!
OBS: Kererê é também conhecida por Konquem, "Tô fraco", Etu ou Galinha d’Angola.
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