Segundo
TRINCA (1984, p1) o termo diagnóstico origina-se do grego diagnósticos e
significa discernimento, faculdade de conhecer, de ver através de. Aspectos,
características e as relações que compõem um todo que seria o conhecimento do
fenômeno, utilizando para isso processos de observações, de avaliações e após
procede-se às interpretações que se baseiam em nossas percepções, experiências,
informações adquiridas e formas de pensamento.
Portanto
pode-se afirmar que é um processo no qual se analisa a situação do aluno com
dificuldades dentro do contexto da escola, da sala de aula, da família; ou
seja, é uma exploração problemática do aluno frente à produção acadêmica.
...
Dentro de uma perspectiva psicopedagógica, o trabalho com as famílias pode ser
considerado fundamental e indispensável para modificar as atitudes de alguns
alunos, mas, mesmo assim, esse trabalho somente se constituirá em uma das
partes do diagnóstico, já que ele estará centralizado, principalmente, no
conhecimento e na modificação da situação escolar. (BASSEDAS E COL 1996, p25).
Segundo
BASSEDAS e col (1996) existem sujeitos e sistemas envolvidos no diagnóstico
psicopedagógico. Lançar-se-á um olhar à escola como instituição social, podendo
ser considerada de forma ampla, como um sistema aberto que compartilha funções
e que se inter-relaciona com outros sistemas que integram todo contexto social.
Os
protagonistas da aprendizagem na escola são: o professor, o aluno, a direção da
escola, a equipe técnica e a de apoio.
Em nível
interno, a escola pode-se tornar uma instituição potenciadora ou, então, pelo
contrário, pode ser fonte de conflitos, dependendo de como estejam estruturados
e se relacionem os diferentes níveis hierárquicos ou subsistemas, como a equipe
dirigente, a administração entre outros.
Observamos
enquanto psicopedagogas em nossa prática que o diagnóstico da aprendizagem
escolar se situa num espaço e num tempo.
ESPAÇO:
a)Para
que o psicopedagogo possa viabilizar sua ação que se constitui na criação de um
ambiente psicopedagógico, do qual falaremos mais adiante.
b)Lugar
espacial onde transcorre a ação educativa que leve o psicopedagogo a aliar a
teoria com a prática, diagnosticando o “não aprender”.
TEMPO:
Refere-se
à duração das atividades que envolvem a ação psicopedagógica diagnóstica
considerando os vários fatores intervenientes: o ano letivo, a situação dos
alunos, de como é feito o aproveitamento de suas potencialidades, a
complexidade de fatores que envolvem a instituição.
2. OS FUNDAMENTOS DE UM
DIAGNÓSTICO ESCOLAR
Um
diagnóstico psicopedagógico pode diferenciar-se de outros diagnósticos
escolares de maneira pela qual fundamentamos nossa prática.
Esta
prática engloba o professor, o aluno e o conhecimento contextualizado na
escola, especificamente na sala de aula, lugar onde se constatam e se priorizam
as aprendizagens sistemáticas tendo como pano de fundo a instituição escolar.
Os
fundamentos de um diagnóstico também revelam um tempo, um lugar e um espaço que
é dado para aquele que aprende e para aquele que ensina. Historicamente a
prática educativa e a prática psicopedagógica são derivadas das distintas
teorias de aprendizagens que sustentam as concepções diferentes em relação à
tríade: professor, aluno e conhecimento.
É
inegável a influência das teorias de aprendizagem e das teorias do conhecimento
em relação aos três níveis que vamos enfocar, ou seja, o sócio-político, o
pedagógico e o psicopedagógico.
Delimitemos,
para fins didáticos, especificamente o empirismo e o inatismo, mais as teorias
de aprendizagem que decorrem destes campos filosófico, citando algumas como o
condutismo e as teorias cognitivas positivistas da aprendizagem.
O
empirismo fundamenta-se na idéia de que o conhecimento está unicamente fundado
na experiência. Nesta concepção o sujeito cognitivo é comparável a uma folha de
papel em branco, aonde vão se escrevendo as impressões procedentes do mundo
externo.
Esta
concepção admite um sujeito epistêmico considerado como receptáculo, que a
principio está vazio e que progressivamente vai sendo “enchido” pelos dados
fornecidos da realidade.
Logo o processo de diagnostico institucional é de grande valia pois nos indicará parâmetros de como intervir com eficiência nas escolas, sendo salutar observar quais correntes filosóficas influenciam nas instituições escolares, bem como embasam as teorias de aprendizagem que ora fundamentam a pratica pedagógica da escola, portanto se faz necessário lançar um olhar a instituição escolar e seus elementos.
Logo o processo de diagnostico institucional é de grande valia pois nos indicará parâmetros de como intervir com eficiência nas escolas, sendo salutar observar quais correntes filosóficas influenciam nas instituições escolares, bem como embasam as teorias de aprendizagem que ora fundamentam a pratica pedagógica da escola, portanto se faz necessário lançar um olhar a instituição escolar e seus elementos.
Sendo
assim trabalhar numa escola faz pressupor que o professor esteja ensinando numa
comunidade determinada com as suas características sócio culturais e econômico
particulares.
A ação
educativa da escola não pode ser desvinculada das funções educativas dos pais
dos alunos, e, conseqüentemente, o professor também deve manter contato com
eles.
(BASSEDAS E COL 1996, p25).
O ponto
de partida centraliza-se através do movimento: objeto do conhecimento para o
sujeito que aprende e para o sujeito que ensina. O aluno aprende a resposta em
cada situação. Este está inserido em dois sistemas diferenciado: a escola e a
família, sendo de fundamental importância a relação que estabelece com cada
sistema e como interrelaciona os dois.
Consideramos
o aluno como um sujeito que elabora o seu conhecimento e sua evolução pessoal a
partir da atribuição de um sentido próprio e genuíno às situações que vivem e
com as quais aprende. Neste processo de crescimento, exerce papel primordial a
capacidade de autonomia de reflexão e de interação constante com os outros
sujeitos da comunidade. (BASSEDAS E COL 1996, p32)
O lugar
do professor é o lugar daquele que gerencia o processo da aprendizagem. Sua
principal ação é mediar o objeto do conhecimento.
O
professor tem a responsabilidade de estimular o desenvolvimento de todos os
alunos pela aprendizagem de uma série de diversos conteúdos, valores e
hábitos...
...O
papel solicitado ao professor na situação de ensino-aprendizagem é o de uma
atuação constante, com intervenções para todo o grupo de aula e para cada um
dos alunos em particular, visando a observação sistemática do processo de cada
aluno durante a aprendizagem, para poder intervir no mesmo com uma ajuda
educativa adequada. (BASSEDAS E COL 1996, p29).
Mas se
faz necessário também entender por níveis os processos educativos e curriculares,
os aspectos organizacionais, estruturais e funcionais, assim como todos os
elementos envolvidos no processo ensino aprendizagem claro que os elementos
fundamentais são os pares educativos que se constituem dos alunos, professores,
familiares e profissionais que contribuem e de alguma forma estão ligado com a
educação e conseqüentemente com a instituição de ensino.
Desta
forma Piaget, através de sua obra, revoluciona as diversas áreas do
conhecimento humano.
Segundo
Piaget (1970 p.20), “o estudo do sujeito epistêmico se refere à coordenação
geral das ações (reunir, ordenar, etc) constitutivas da lógica, e não ao
sujeito individual, que se refere às ações próprias e diferenciadas de cada
indivíduo considerado à parte”.
Por um
lado critica as idéias dos empiristas pela pobreza de suas propostas
associacionistas, coexistas e por outro valoriza a importância do externo na
construção do conhecimento coincidindo com isto com os próprios empiristas.
Para
Piaget o conhecimento é construído na interação do sujeito com o objeto em uma
relação de interdependência.
Tal
conjectura leva Piaget a apresentar o sujeito cognoscente como aquele que
constrói o conhecimento através de sua ação sobre os objetos, sendo que nesta
ação estão contidos os conhecimentos que organizam e nutrem o mundo interno e
externo do sujeito que age.
Piaget,
apesar de delimitar suas investigações ao campo só do conhecimento, não
chegando às aquisições escolares, revoluciona também a aprendizagem. Porque o
que ele descobre em relação à construção do conhecimento se pode generalizar
para a aprendizagem através do processo mental. Pois são as operações mentais
que levam o sujeito a interagir como meio.
Ao mesmo
tempo em que sujeito constrói seus instrumentos de pensamentos, constrói também
seus objetos de conhecimento, isto é suas representações.
Justificamos
aqui, buscarmos a fundamentação do diagnóstico escolar à luz do construtivismo.
Acreditamos que o conhecimento se dá num processo de objetivação no qual o
sujeito continuamente elabora seus conflitos sobre a realidade que o cerca.
Por isso
a questão do diagnóstico escolar visto sob este prisma vai diferenciar do
diagnóstico tradicional. A diferença vai residir especialmente no processo do
aluno, porque à medida que entendemos quais os esquemas mentais que o aluno
utiliza para resolver conflitos no aprender vamos também poder explicar as
fraturas neste processo.
O
diagnóstico que pensamos construir é a partir de um sujeito que aprende em
interação com o objeto do conhecimento, e que possui uma dramática própria,
original, sua.
Aqui está
o nosso desafio. O diagnóstico escolar tradicional ao contrario oferece
segurança, porque praticamente tem receitas corretivas para o que “não
aprende”. Colocamo-nos, entretanto, no lugar de quem se pergunta buscando as
articulações que justifiquem o não aprender. Nesse sentido, um diagnóstico é
sempre uma hipótese diagnóstica.
3 ASPECTOS GERAIS DE UM
DIAGNÓSTICO PSICOPEDAGÓGICO À LUZ DE UM SUJEITO QUE CONSTRÓI SUA APRENDIZAGEM
A teoria
psicogenética é portanto um dos referentes teóricos no qual vamos nos
aprofundar para o nosso estudo, de técnicas de diagnóstico.
A idéia
de diagnóstico remetemo-nos ao que significa ensinar e aprender. O diagnóstico
deriva da concepção de sujeito que temos: sujeito da aprendizagem e a
aprendizagem do sujeito.
Desta
significação os lugares distintos ocupados pelo professor, pelo aluno, em
relação ao conhecimento contextualizado pela escola e sala de aula. O lugar de
aprender e o lugar de ensinar dinamizam a prática educativa.
Um ponto importante
para se perceber este processo de constituição do sujeito se dá através da
questão dos limites. Muitas vezes a queixa escolar e a produção da criança gira
em torno da dificuldade em aceitar as normas e o formalismo necessário para
construir determinados conteúdos acadêmicos. Outras vezes é a dificuldade em
aceitar os erros e o esforço que a aprendizagem demanda, ou seja, a aceitação
dos próprios limites é que esta em jogo.
Nesta
dialética do ensinar e do aprender, qual o lugar do psicopedagogo? Qual sua
intervenção?
Abordar o
problema da circulação do conhecimento? O papel do professor enquanto
transmissor do conhecimento? O aluno enquanto sujeito que está em processo de
aprendizagem?
O
professor é autorizado a ensinar e está no lugar daquele que tem o
conhecimento, porém diferenciamos “estar no lugar de” com “ser o conhecimento”.
Portanto, o lugar que o professor ocupa em relação ao conhecimento é de
mostrar. Mostra um recorte do conhecimento aos alunos, através de uma
situação-problema que ele mesmo a construiu para este fim. O professor midiatiza
a ação de aprender, porque ensina. Ensina e aprende.
No
momento de ensinar estrutura o que aprende sob a forma de construção de uma
situação da qual viabiliza representar o conhecimento que quer transmitir.
O eixo
principal da questão do diagnóstico sobre o aprender repousa nas dimensões: do
aluno, do professor, e dos três níveis inter-relacionados na ação educativa, ou
seja,
1-Sócio-político,
2-Pedagógico,
3-Psicopedagógico.
O
sócio-político inclui não apenas as políticas educacionais, mas a própria
organização da escola como instituição destinada a ensinar ou a produzir
fracassos dos alunos conforme sua classe social.
O
pedagógico refere-se ao processo de ensino: a relação dos conteúdos e a
didática. Pensamos que uma didática eficiente possa representar uma ação
preventiva de problemas de aprendizagem. Porque a didática preventiva é aquela
que lança desafios aos alunos para que avancem a partir do ponto que se
encontram, isto é, do conhecimento já construído.
O
psicopedagogo prioriza o sujeito que aprende ou que fracassa ajudando-o a
situar-se em um lugar que possibilite a aprender.
A
intervenção psicopedagógica funciona mais como “ser o outro”, ser mais um, ser,
enfim, o terceiro dos alunos e esses entre si.
O
psicopedagogo com o trabalho de ensinar a aprender recorre a critérios de
diagnóstico no sentido de compreender a falha (problemas) na aprendizagem.
Nesse
sentido, Scoz (1994, p. 22) coloca que:
[...] os
problemas de aprendizagem não são restringíveis nem a causas físicas ou
psicológicas, nem a análises das conjunturas sociais. É preciso compreendê-los
a partir de um enfoque multidimensional, que amalgame fatores orgânicos,
cognitivos, afetivos, sociais e pedagógicos, percebidos dentro das articulações
sociais. Tanto quanto a análise, as ações sobre os problemas de aprendizagem
devem inserir-se num movimento mais amplo de luta pela transformação da
sociedade.
Aprender
significa incorporar os conhecimentos em um saber pessoal. É isto que o
psicopedagogo precisa diagnosticar. Diagnosticar a escola como um lugar onde
acontece a aprendizagem, e o nível desta. Se ela é ou só transmissão de
conhecimento sistematizado, sem o significado, ou se vincula os conhecimentos
com o saber dos alunos, possibilitando assim transformá-los.
Este
diagnóstico consiste na busca de um saber para saber –fazer. Através das
informações obtidas nesse processo de investigação, o psicopedagogo inicia a
construção de seu plano de trabalho. O diagnóstico Psicopedagógico pode ser
entendido como uma avaliação clínica, um exame realizado a partir de uma queixa
explícita em relação a alguma dificuldade de aprendizagem. A avaliação liga-se
ao não aprender, ou só conseguí-lo lentamente com falhas e distorções.
Encontra-se envolvido neste processo de diagnóstico a leitura de um sistema
complexo, onde se faz presente manifestações conscientes e inconscientes.
Interagem aí o pessoal, o familiar atual e o passado, o sociocultural, o
educacional, a aprendizagem.
...
muitas vezes existem dificuldades no ler, escrever, calcular que não interferem
na vida do sujeito, só transformando em sintoma face a uma exigência ambiental.
... Ao se
instrumentalizar um diagnóstico, é necessário que o profissional atente para o
significado do sintoma a nível familiar e escolar, e não o veja apenas em um
recorte artificial, como uma deficiência do sujeito a ser por ele tratado. É
essencial procurarmos o não dito, implícito existente no não aprender.
Buscaremos o sentido do sintoma de aprendizagem, para o próprio sujeito.
(Weiss,
M.L. citado por SCOZ e col 1990, p.76).
Acreditamos
numa aprendizagem que possibilita transformar, sair do lugar rígido, construir.
É sob
este olhar que pretendemos encaminhar o diagnóstico escolar. Voltamo-nos
para a Escola porque é para ela que diariamente dirigem-se milhares de
crianças.
O olhar
para a escola implica em termos uma visão integrada: visão de aprendizagem e
visão de mundo.
Portanto
o psicopedagogo institucional á luz da instituição escolar se concretiza
através de uma profunda e clara observação das dimensões que envolvem o
diagnostico de aprendizagem e que possibilite uma reflexão e conhecimento dos
problemas educacionais que estão vinculados a uma série de variáveis tais como:
correntes filosóficas, as políticas educacionais governamentais, aspectos
morais, culturais e étnicos que influenciam fortemente a pratica da docência, o
modelo didático, a relação dos pares educativos.
Enquanto o
psicopedagogo envolvido em um processo diagnóstico está nos colocando em jogo.
Neste jogo há presença e ausência de saber. Suportar o desconhecido que em cada
um de nós habita, é a alavanca, o motor que vai impulsionar a construção de
novos conhecimentos e permear a pratica de intervenção do psicopedagogo na
escola. O diagnóstico sob nosso ponto de vista deve ser encarado como busca
constante de saber sobre aprender sendo a bússola que norteará a intervenção Psicopedagogia.(
Salete Santos Anderle) By Lully.
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